Publicado 06/06/2023 09:42
A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) vota, nesta terça-feira (06/06), medidas contra o racismo nos estádios de futebol e a concessão da Medalha Tiradentes, maior honraria do Parlamento Fluminense, para o jogador Vini Jr. Essas ações fazem parte de uma mobilização de diversos parlamentares da Casa, de diferentes matizes ideológicas, após a onda sucessiva de ataques racistas contra o atacante da seleção brasileira em partidas na Europa.
Na pauta, está o Projeto de Lei 1.112/23, que cria a Política Estadual Vini Jr de Combate ao Racismo nos Estádios e Arenas Esportivas. Com a medida, as partidas podem ser interrompidas quando houver qualquer denúncia ou manifestação racista. O jogo ficará interrompido pelo tempo que o organizador do evento ou o delegado da partida julgar necessário e enquanto não cessarem as atitudes reconhecidamente racistas. Em caso de atos racistas praticados por grupos ou de forma reincidente, será facultativo o encerramento do jogo - possibilidade que deverá ser informada ao árbitro pela organização do evento ou o delegado da partida.
As medidas fazem parte do “Protocolo de Combate ao Racismo”, em que qualquer cidadão poderá informar condutas racistas a qualquer autoridade presente no estádio: bombeiros, policiais ou seguranças. A partir daí, a denúncia deverá ser encaminhada à organização do evento e às autoridades, incluindo a Comissão de Combate às Discriminações da Alerj e a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi).
“Esse protocolo visa a possibilidade das autoridades esportivas de eventos realizados no estado do Rio de Janeiro terem a obrigatoriedade de seguir um rito que propiciará a não anuência do poder público com práticas racistas”, comentou o autor do projeto, deputado Prof. Josemar (PSol).
A política também prevê a divulgação de campanhas educativas nos intervalos das partidas, preferencialmente em telões e alto-falantes, e de políticas públicas para atendimento das vítimas de racismo. O texto será votado em regime de urgência, ou seja, em apenas um turno de votação.
Medalha Tiradentes
O Projeto de Resolução 148/23, que concede a Medalha Tiradentes ao Vini Jr, também será votado em regime de urgência. O texto é assinado pelos deputados Verônica Lima (PT), Elika Takimoto (PT), Felipinho Ravis (SDD), Tia Ju (REP), Brazão (União), Marina do MST (PT), Franciane Motta (União), Renato Machado (PT), Yuri (PSol), Zeidan (PT), Giovani Ratinho (SDD), Jair Bittencourt (PL), Sérgio Fernandes (PDT), Márcio Canella (União), Samuel Malafaia (PL), Munir Neto (PSD), Anderson Moraes (PL) e Guilherme Delaroli (PL).
Dia da Resposta Histórica
Também está na pauta de votações o Projeto de Lei 64/23, que institui o dia 07 de abril como Dia da Resposta Histórica Contra o Racismo no Futebol. A data foi escolhida em alusão à manifestação do Vasco, em 7 de abril de 1924, quando o clube teve sua inscrição recusada pela Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA).
A entidade só permitiria a filiação do clube caso todos os 12 jogadores, negros e operários, fossem dispensados sob a acusação de que teriam "profissão duvidosa" e que não apresentavam “condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”.
A medida já foi aprovada em plenário na semana passada e agora precisa ser aprovada em segunda discussão antes de ser enviada para sanção ou veto do governador. O texto é de autoria original dos deputados Verônica Lima (PT) e Felipinho Ravis (SDD).
Entenda o caso do Vini Jr
Durante o jogo entre Real Madrid e Valencia, no Estádio Mestalla, em maio, a torcida valenciana gritou insultos como “macaco” direcionados a Vini Jr, jogador do Real Madrid. A partida foi interrompida e até o locutor do estádio teve que pedir para que torcedores parassem de insultar o atacante para que o jogo pudesse ser reiniciado.
Já nos minutos finais da partida, o goleiro do Valência, Mamardashvili, partiu para cima de Vini Jr, iniciando uma confusão generalizada. Vinícius sofreu uma espécie de 'mata-leão' do jogador Hugo Duro, foi empurrado e, ao reagir, acabou sendo expulso após análise do VAR. Nada aconteceu com os jogadores do Valência.
Entre os outros casos de racismo envolvendo o atleta brasileiro na Espanha, um de grande repercussão ocorreu em janeiro deste ano, quando torcedores do Atlético de Madrid penduraram em uma ponte da capital espanhola um boneco com a camisa do Vinícius Júnior e uma faixa escrita “Madri odeia o Real”.
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