Um professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) criou uma fonte renovável de energia que substitui o petróleo.Divulgação UFF
Publicado 09/06/2023 09:29
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O professor do Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF), Thiago de Melo Lima, desenvolveu uma pesquisa cujo intuito é "produzir catalisadores que possam suprimir parte da atual demanda da nossa sociedade por petróleo”.

Mais especificamente, a pesquisa tem como objetivo gerar materiais capazes de converter resíduos da chamada "biomassa lignocelulósica" em compostos que podem ser utilizados como biocombustíveis, sendo transformados posteriormente em biocombustíveis de aviação (querosene sustentável) e também aditivos de combustíveis.
Ele disse que tomou a iniciativa frente aos alarmantes dados sobre a evolução das mudanças climáticas e eventos extremos, nos últimos anos, a demanda por fontes renováveis de energia e por substitutos do petróleo.
"Isso tornou-se cada vez mais urgente. Por isso somamos esforços nesse cenário. Como biomassa lignocelulósica entende-se qualquer matéria de origem vegetal, principalmente plantas e resíduos que não são utilizados para alimentação e são problemas ambientais da região (aguapé ou gigoga, resíduos urbanos, lama de estação de tratamento). Estudos como esse possibilitarão alcançarmos um futuro mais sustentável”, explicou o professor.

O principal desafio do projeto consiste em converter biomassas não convencionais (como o caso da gigoga) em compostos que possam ser utilizados como biocombustíveis.
Segundo o coordenador da iniciativa, grande parte da literatura especializada e das pesquisas na área trabalham com biomassas mais tradicionais, como plantas oleaginosas, e que possuem uma maior facilidade de serem convertidas. “Temos uma grande dificuldade associada para quebrar as moléculas das gigogas e de outras biomassas ‘não convencionais’ em frações menores e que possam em seguida passarem por reações químicas".

Apesar disso, a pesquisa atende também à necessidade de dar novos destinos ao aguapé (gigoga), uma planta considerada um problema ambiental por seu crescimento desenfreado em águas poluídas. “Também nos preocupamos em obter estes catalisadores a partir de fontes cada vez mais baratas, pensando futuramente em uma possível aplicação industrial”, disse Lima.

O coordenador também menciona outros materiais que podem vir a cumprir essa função em desdobramentos futuros do projeto. “Estudamos o uso de carvão obtido a partir de lama de esgoto como catalisador para promover as mesmas conversões mencionadas. Para nossa surpresa, este demonstrou ser muito ativo, podendo ser esse método uma forma de reintegrar a matéria em um processo produtivo mais nobnre em vez de simplesmente descartá-la como resíduo urbano”, comemorou o professor.

Para Thiago de Melo, é importante o desenvolvimento de produtos e tecnologias. "Que possam sempre nos colocar no cenário mundial em sustentabilidade, e de ações contra mudanças climáticas, assim como o uso de fontes renováveis de energia e matéria-prima alternativas são parte dos compromissos das pesquisas científicas desenvolvidas na universidade pública", conclui o coordenador.
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