O deputado Dimas Gadelha disse que a Prefeitura não responde ao seu ofício.Divulgação
Publicado 26/06/2023 19:46
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A declaração do deputado federal Dimas Gadelha em um diário de Niterói de que São Gonçalo pode perder R$ 4,5 milhões em recursos federais por não conseguir o "aceite" da Prefeitura para viabilizar o recebimento da verba evidenciou um impasse que pode prejudicar o desenvolvimento do município.
Segundo Dimas, investimentos para saúde, limpezas de valões e rios e construções de creches aguardam o aceite do capitão Nelson Ruas (PL), prefeito de São Gonçalo, para receber recursos federais.
Os valores obtidos vêm por meio de recursos indicados pelos parlamentares. No caso de São Gonçalo, Dimas Gadelha, deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, tem no município que conta com mais de um milhão e duzentas mil pessoas, sua principal base de apoio".
No entanto, para que o aporte financeiro seja creditado na conta do município gonçalense, é necessário que a equipe técnica da Prefeitura de São Gonçalo dê "aceite" para viabilizar o recebimento da verba.
Segundo Gadelha, o ofício saiu de Brasília e foi enviado à prefeitura no início do mês. Até o momento, nenhuma resposta foi dada, assim como não seguiram o trâmite para cadastrar os recursos e projetos no sistema. O parlamentar gravou um vídeo questionando a ação.
"Para esse recurso chegar na cidade, a prefeitura precisa aceitar nossa solicitação no sistema do governo federal. Apenas isso, mas que ainda não foi feito. Essa birra política é cansativa e só prejudica a população. Aqui não cabe ideologia partidária e nem briga de direita e esquerda. É o povo que sofre com esse tipo de atitude da prefeitura", disse Dimas que, para sensibilizar o governo, lançou a campanha "Prefeito, aceita o recurso!"
"Quando a qualidade de vida do cidadão está em jogo, a política tem que ser deixada de lado. Prefeito, aceita o recurso!", reforçou Dimas Gadelha pelas redes sociais.
A queixa do Dimas é referente a falta de contato da Prefeitura que informou ao O Dia que todos os procedimentos e trâmites legais relacionados ao recebimento de recursos federais estão atualizados, sem a possibilidade de perda de verbas destinadas a projetos municipais.
"Nesta data (26 de junho de 2023), não consta nos sistemas de transferências de recursos do governo federal nenhuma indicação pendente de aceite. As emendas mencionadas pelo deputado federal Dimas Gadelha não se referem a emendas parlamentares, já que o mandato do referido deputado teve início este ano e os municípios recebem, ao longo de 2023, as emendas propostas em anos anteriores. Deste modo, ele estaria sem qualquer possibilidade de indicação de recursos dentro desta modalidade", informou o poder público no texto.
De acordo com o Executivo, as supostas destinações de recursos citadas por ele são regulamentadas pela Portaria interministerial MPO/MGI/ SRI- PR n 1 de 3 de março de 2023, e determina no Art. 1 § 2º:
“Às dotações incluídas ou acrescidas por emendas, durante a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária de 2023, classificadas com Identificador de Resultado Primário 2 - RP 2, não se aplicam quaisquer tipos de indicações de beneficiários ou ordem de prioridades por seus autores, bem como não se aplica quaisquer obrigatoriedades de o Órgão Setorial instruir eventual remanejamento demandado pelos autores", disse a Prefeitura na nota.
Segundo o Executivo gonçalense, de tal modo, não está prevista qualquer interferência parlamentar nesta modalidade de transferência entre governo federal e municípios. "Portanto, as emendas mencionadas pelo deputado federal Dimas Gadelha cabem exclusivamente aos Ministérios, não sendo previsto seu uso político, o que fica evidente diante das acusações infundadas feitas à Prefeitura pelo referido deputado", realçou a Prefeitura na nota.
"Na Saúde, os recursos ao qual o deputado se refere são, na verdade, indicações de valores determinados pela extinta Emenda de Relator, transferidos para RP 2, em conformidade com programas e projetos já existentes. São recursos anteriores ao mandato do referido deputado", explicou a Prefeitura.
A explicação de que o fluxo de tratamento destas emendas começa com a articulação junto ao ministério e posterior formalização aos órgãos beneficiados. "No presente caso, a Prefeitura de São Gonçalo recebeu ofício físico e, após trâmite interno, iniciou as tratativas para a captação dos recursos a serem destinados, sem quaisquer prejuízos ou perda de prazos.
Sobre o suposto não aceite da Prefeitura nos sistemas de transferências de recursos da União, o deputado mostra o total desconhecimento ou má-fé sobre as formas de disponibilização e de captação dos recursos públicos", disse o Executivo.
De acordo com a Prefeitura, as equipes técnicas do Município monitoram diariamente as plataformas de transferências de recursos do governo federal, a fim de identificar os programas disponibilizados pelos Ministérios para cadastramentos de propostas, tanto oriundos de emendas parlamentares quanto de propostas voluntárias.
"Exemplo disso é que justamente na ação SX (equipamentos) do Ministério do Desenvolvimento Regional, que o deputado afirma que o município não “deu aceite” do recurso, temos uma proposta cadastrada, com prazo de envio para análise em cinco de julho do corrente ano, para aquisição de retroescavadeira e outros equipamentos", realçou o poder público.
"O Executivo municipal tem trabalhado e aperfeiçoado seu quadro técnico de captação de recursos, numa gestão empenhada com a obtenção e a aplicação destes investimentos. Isso se expressa através dos portais de transparência que demonstram o salto e a habilidade nas captações de recursos.
Desde o início da atual gestão, a Secretaria de Gestão Integrada e Projetos Especiais, responsável pela elaboração de projetos e captação de recursos para o município, já obteve mais de R$ 467 milhões para execução de projetos; de 2013 a 2020, as gestões anteriores acumularam de R$ 68 milhões", pontuou o poder público.
"A Prefeitura de São Gonçalo garante que sempre estará disponível para receber indicações de emendas parlamentares, independente de questões políticas. A atual gestão já recebeu emendas de parlamentares de diferentes partidos políticos, sem prejuízo para os munícipes. Em 2022, foram mais de R$ 3,5 milhões em emendas de parlamentares de partidos da oposição, como Jandira Feghali (PCdoB), Glauber Braga (PSOL), David Miranda (PSOL), Benedita da Silva (PT), Alessandro Molon (PSB)", concluiu.
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