Publicado 30/08/2023 20:39
São João da Barra – Fenômeno que acontece há cerca de 60 anos, o avanço do mar na praia de Atafona, em São João da Barra (RJ) já tomou parte da localidade, destruindo mais de 500 imóveis, desabrigando inúmeras famílias. A erosão é cada vez maior e o risco de todos os quarteirões serem tragados pelo oceano não está descartado.
O tema já foi pauta até na imprensa do exterior e volta a ser tratado com prioridade na Câmara Municipal, que nessa terça-feira (29) recebeu a visita do doutor em Geologia e Geofísica Marinha pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Bulhões, para detalhar causas, efeitos e propostas de solução.
De acordo com a assessoria do Legislativo, Bulhões avaliou que o problema em Atafona “é crônico, porque persiste ao longo do tempo; extremo, pelo fato de ter taxas acima de cinco metros/ano”. No entendimento do geólogo, não existe indício científico de que haverá uma contenção naturalmente.
"É um fenômeno natural, mas que foi agravado pelo homem, sobretudo, a partir da década de 80", analisou o professor. Ele falou também da correlação entre a vazão máxima do Rio Paraíba, que desemboca em Atafona, e a erosão: "Toda vez que a vazão máxima do rio sobe, no ano seguinte a praia cresce. Quando a vazão máxima cai, no ano seguinte, Atafona erode (acontece erosão) .
Quanto às causas específicas da erosão em Atafona, o geólogo citou “fatores naturais de geologia, climáticos (perda da vazão do rio) e sociais (usos da bacia hidrográfica)” e concluiu: “O método mais utilizado mundo afora para minimizar os impactos da erosão tem sido o preenchimento artificial da praia (engordamento)”.
AUDIÊNCIA EM BRASÍLIA - A ida de Bulhões ao Legislativo foi sugerida pela vereadora Sônia Pereira; ela argumentou que os moradores estão preocupados com o futuro, principalmente quando há ressaca no mar: “Estivemos em Brasília com a prefeita (Carla Caputi) e os demais vereadores e tivemos essa ideia de convidar o professor para fornecer esclarecimentos sobre a erosão e quais medidas podem ser providenciadas para solucionar este fenômeno”, pontuou a vereadora.
A reunião em Brasília aconteceu em maio deste ano; foi realizada no Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, articulada pelo deputado federal Murillo Gouvêa. Bulhões também participou e ficou definida a necessidade da realização de um estudo de viabilidade técnica econômica e ambiental.
Gouvêa se comprometeu a destinar uma emenda de cerca de R$ 2 milhões para o estudo; mas ainda não foi liberada. Carla Caputi não pode comparecer à Câmara nessa terça-feira, sendo representada pelo Secretário de Comunicação (Secom), Rodrigo Florêncio.
Segundo Florêncio, a prefeita acaba de garantir que o município irá disponibilizar recursos para a contratação de um estudo definitivo; partindo do princípio que três levantamentos apontando uma solução para minimizar o avanço do mar já estão defasados.
“Em contato com Murillo Gouvêa, a prefeita alinhavou que, caso a emenda não possa sair este ano, o município empregará os recursos próprios, ficando a emenda do deputado para ser utilizada em outra área”, explicou Florêncio. Por meio de uma live, Carla Caputi agradeceu o empenho do parlamentar, com quem disse estar em contato permanente.
A prefeita destacou a importância do estudo de viabilidade técnica econômica para definir o projeto adequado de contenção da erosão costeira: “A prefeitura está ciente da complexidade do problema e da necessidade de tomar medidas adequadas e efetivas para proteger a zona costeira e garantir a segurança e qualidade de vida dos moradores”, resumiu.
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