Publicado 15/07/2024 20:00
São João da Barra – “A consolidação da Estrada de Ferro 118 entre Espírito Santo e Rio de Janeiro garante a especialização do norte fluminense na rota das exportações de matérias primas brasileiras, notadamente, alimentos onde o país tem vantagem relativa inegável”. A avaliação é do diretor de Indicadores Econômicos e Sociais de Campos dos Goytacazes (RJ), economista Ranulfo Vidigal.
PublicidadeO projeto (com 530 quilômetros de trilho) interessa diretamente ao Complexo Portuário do Açu, entre São João da Barra e Campos, cuja administradora, a Prumo Logistica (controlada pelo fundo americano EIG Global Energy Partners), ressalta que a construção contribuiria para ampliar a escala de movimentação do porto (limitado a rodovias), integrando o Açu à malha ferroviária nacional.
Vidigal aponta que em torno de todos os portos surgem núcleos industriais e de serviços com forte atração de investimentos privados geradores de empregos de boa remuneração: “Como Campos é o núcleo populacional de maior porte da região, a cidade e seu núcleo de serviços associados à produção, distribuição e serviços pessoais vai sofrer influência altamente positiva”.
Nesse caso, o economista entende que haverá exigência de um cuidado especial na logística de transportes urbanos e melhoria das estradas ligando a região portuária que, na opinião de Vidigal, vai ganhar forte dinamismo: “A ferrovia consolida o porto e sua influência regional”, ratifica.
De acordo com a Prumo, a empresa preparou estudos de viabilidade e engenharia executiva para a licitação da construção da Estrada de Ferro 118, que será encaminhado ao governo federal, com foco evidente na conexão ao Porto do Açu, visando aumentar a movimentação de cargas do porto em progressão geométrica.
“Hoje essa movimentação está na casa de 85 milhões de toneladas por ano, concentrada em minério e petróleo”, aponta o presidente da Prumo, Eugênio Figueiredo. O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Prumo, Eduardo Kantz, acredita que o projeto da EF-118 esteja próximo de ser consolidado.
EXPECTATIVA - Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Kantz diz que “para além da finalização dos estudos, há disposição do governo Lula em aportar dinheiro público em ferrovias, viabilizando as grandes linhas planejadas para o País, à diferença do governo anterior, que apostava no modelo de autorização e no investimento totalmente privado”.
Sobre os estudos, o diretor afirma que foram feitos por empresas contratadas, especializadas em modal ferroviário, com a pretensão ajudar a viabilizar a concessão da EF-118, para que o Ministério dos Transportes possa executá-lo. O trabalho envolve avaliações de engenharia, de demanda de carga; além de estudos ambientais, fundiários e jurídicos.
O levantamento da Prumo aponta que, para ligação da EF-118 com o Complexo Portuário do Açu, ainda haveria necessidade de ser construída outra ferrovia no sentido vertical, de aproximadamente 40 quilômetros. Kantz assinala que se trata de um investimento estimado em R$ 600 milhões e a construção já está autorizada pelo governo federal.
Ranulfo Vidigal admite a possibilidade de ganho geral do porto a partir da definição do projeto. Ele concorda com a projeção divulgada na matéria do Estadão, de que outra possibilidade é aumentar o volume de minério escoado. O jornal escreve que, “em 2023, o Porto do Açu movimentou cerca de 24 milhões de toneladas de minério de ferro molhado trazidos de Minas Gerais pelo mineroduto da Anglo American, em que a Vale tem parte. A capacidade máxima é de 26 milhões de toneladas. Com a ferrovia, esse teto subiria”.
Não existe ainda prazo definido para a implantação do projeto que, conforme o rito, depende da formatação do edital, a ser aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU); audiências públicas; programação de leilão; a expectativa é de que aconteça no próximo ano. Em seguida o projeto terá de ser encaminhado ao governo federal e o passo final será a construção da linha férrea, que deverá ocorrer entre três a quatro anos.
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