Ana Cláudia Lessa é mordida pela gerente do estabelecimento Reprodução/Rede social
Publicado 14/08/2024 16:01
São Pedro da Aldeia - Recentemente, Ana Cláudia Lessa, que ocupava a vaga destinada para pessoas com deficiência no Mc Donald’s de São Pedro da Aldeia foi surpreendida ao ser mordida pela gerente do estabelecimento. A vítima, autista nível 1 de suporte, conta que, ao ser questionada, a mulher alegou que “tudo não se passou de uma brincadeira”.
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Conforme Ana, tudo ocorreu no dia 14 de junho. O fato teria sido levado ao cargo maior, dentro da hierarquia do estabelecimento, mas “nenhuma medida teria sido tomada”. “No dia 28 foi aberto um boletim de ocorrência criminal investigativo”, disse. Em seguida, ela se afastou por atestado/laudo médico. A vítima já atuava há sete meses na empresa quando tudo ocorreu.
A vítima, que tem 29 anos, conta que ocupa o cargo para arcar com os custos de seu MBA, juntar dinheiro para fazer intercâmbio e dar conta das despesas com remédios. Contudo, após o incidente, todo o seu tratamento regrediu e ela sequer consegue sair de casa, encontrando-se não verbal.
“Eu estou em constantes crises e sem saber mais o que fazer. Estou sofrendo negligência constante, por todas as partes, a minha imagem vem sendo [difamada], pois acham que sou “doente mental” e que supostamente estaria inventando tal fato. O local possui circuito de câmeras, e essas imagens ainda não foram liberadas pela loja para a polícia. Estão tentando abafar o caso, porque acham que nível 1 de suporte “leve” os casos de assédio chegarem ao ponto de questionarem os laudos médicos”, compartilha Ana.
Ela conta que apenas decidiu buscar a ajuda da imprensa para divulgar o caso nesta terça-feira (13) para que seus direitos sejam garantidos, uma vez que sente que a rede de fast food estaria “negligenciando e abafando a situação”. A gerente foi demitida. “O jurídico da empresa sequer se propôs/apresentou qualquer coisa”, comentou.
“As crises estão cada vez piores. Eu só queria poder ser incluída, trabalhar em segurança, tranquilidade assim como os neurotípicos. Mas infelizmente feriram o meu corpo, a minha alma, minha integridade. Qual o nosso valor? De que inclusão essas empresas tratam? E de qual proteção os órgãos estão falando?”, desabafou Ana.
Diante dos fatos, o Jornal O Dia entrou em contato com a ex-gerente, que nega ter mordido a colega de trabalho e afirma “não saber o intuito [da denunciante] em fazer isso”.
Ela conta que as duas “sempre tiveram uma boa relação no serviço e trocavam mensagens fora do ambiente de trabalho”. A suposta agressora mencionou, também que “ajudou a denunciante a estudar para uma prova interna da empresa para que ela fosse promovida”.
“Abrir B.O todos podem abrir! (…) Alegar que eu fiz esse tal roxo no braço dela já é demais. [Ela] já se mordeu na loja, eu mesma vi e questionei porque estava fazendo isso e a resposta dela foi que estava numa crise. (…) É nítido que ela já tem o hábito de se auto-mutilar. Então alegar que fui eu que fiz tal coisa é um absurdo”, disse a ex-gerente, complementando: “até o momento, a única pessoa prejudicada nisso tudo fui eu, pois perdi meu emprego. Tenho dois filhos pra manter o sustento e até agora não consegui um emprego… Eu não seria irresponsável ao ponto de morder uma pessoa, muito menos colocar meu emprego em risco… Certamente ela só quer dinheiro, meu ou da empresa, e eu não posso controlar a maldade das pessoas”, concluiu, afirmando que já foi até a delegacia e prestou depoimento.
O Jornal também questionou a companhia sobre o fato. Em nota, o Mc Donald’s afirmou que “ofereceu apoio à colaboradora e que está acompanhando cuidadosamente o caso. As medidas cabíveis foram adotadas, reforçando o compromisso da empresa com um ambiente respeitoso, inclusivo e que repudia qualquer tipo de violência”.
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