Além da construção narrativa de 'perseguido' e injustiçado, resta muito pouco politicamente a Jair Bolsonaro após a condenação de inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral no último dia 30 de junho: a análise é da coordenadora do Laboratório de Eleições, Partidos e Politica Comparada da UFRJ, a cientista política Mayra Goulart, em entrevista ao videocast 'Dia a Dia'. 

"Bolsonaro não tem potência para estruturar o campo político sem mandato; o que ele tinha era caneta, dinheiro, máquina pública e, antes disso, ele tinha um capital político que foi construído de um relacionamento direto com a base: pela internet, em aparições na TV, mais uma personalidade, quase uma celebridade, do que do que um político que sabe articular nos bastidores. Por esse passado que a gente faz essas prospecções", explicou a professora.   

A inelegibilidade de Jair Bolsonaro por abuso de poder político do ex-presidente fecha um ciclo de 10 anos que começou com a descrença dos atores políticos e culminou com a ascensão da extrema-direita no Brasil. Desde as marchas de julho de 2013, passando pelos escândalos de corrupção no poder público revelados pela Operação Lava-jato, a destituição da então presidente Dilma Rousseff, do PT, a prisão de Lula, a ascensão dos conservadores no executivo e no legislativo brasileiros.

Em 2023, o cenário mostra-se diferente: figuras ascendentes como Sergio Moro e Deltan Dallagnol caíram em desgraça não apenas no meio judiciário, como também entre os políticos, seus novos pares após concorrerem ao legislativo nas eleições de 2022. E Lula impôs a Bolsonaro a primeira derrota de um então postulante à reeleição presidencial. E, após isso, ainda tivemos uma tentativa fracassada de golpe de estado. Este episódio do 'Dia a Dia' tenta responder questões como: Bolsonaro, fora da urna eletrônica, terá disposição e vigor para fazer seus sucessores? E como fica o equilíbrio de forças entre executivo, legislativo e judiciário? Assista no Youtube ou ouça nos principais agregadores do podcasts.