Regina Fechó em campanha junto a Daniel Soranz, ex secretário de saúde do Rio e candidato a deputado federalDivulgação
Publicado 01/10/2022 12:08 | Atualizado 01/10/2022 13:04
Formada em Ciência da Computação e especialista em Gestão de Projetos pelo IBMEC- RJ. Regina tem mais de 20 anos de experiência na área tecnológica, trabalhando em grandes empresas nacionais e multinacionais. Ex-atleta medalhista pan-americana de karatê, foi justamente o esporte e a educação que, segunda ela, ajudaram a abrir portas: “Conhecendo outros países criei uma visão crítica da nossa realidade por aqui. Numa tentativa de contribuir com a sociedade, me tornei voluntária em hospitais com crianças em tratamento contra doenças como o câncer, em casas de apoio e abrigos.”
Acabou fundando seu próprio projeto social, onde recrutava professores para atuar nestes mesmos locais, unindo educação e recreação. O projeto chegou a ter 200 voluntários antes da pandemia e possibilitou à Regina uma visão das necessidades da saúde e também da educação.
“E a partir desse envolvimento sugeri projeto de lei, no Rio, voltado para o ensino de cidadania com apoio do terceiro setor, e em 2021 se tornou a lei 6940/21. Em 2020, criei um projeto para as escolas municipais de Teresópolis, consegui o interesse de um deputado federal para enviar emendas, mas a prefeitura não demonstrou interesse. Levei para o Rio, e acabei contribuindo para a criação da primeira escola pública tecnológica do Brasil este ano, os GETs. (Ginásio Experimental Tecnológico). E em 2021, criei uma série de mobilizações no Rio, conseguindo aumentar os investimentos na região do grande Méier, Zona Norte. Então mesmo sem nunca ter exercido um mandato já tenho realizado muito como cidadã.”
O DIA: Qual sua proposta para a saúde no município?
Regina Fechó: Minhas propostas são para todo o RJ, mas beneficiam também Teresópolis. Pensando na cidade, eu proponho a criação de um hospital estadual, pois as estatísticas mostram que Teresópolis e região em torno tem uma demanda muito acima do que se pode cumprir com dignidade.
E como vivo a realidade das casas de apoio no Rio, fui a Brasília conversar com parlamentares para que se crie segurança jurídica para estas instituições, que hoje funcionam na base de doação. Assim como a Lei Maria da Penha prevê as "casas apoio", quero que a União envie verba para os estados abraçarem as casas que ajudam as pessoas de baixa renda a manterem seus tratamentos contra o câncer. Isso beneficiará Teresópolis e toda a região.
Eu não quero o município onerado pagando o que não vai suportar por muito tempo. Quero que esta verba venha da União para os estados e que os estados ajude a manter estes locais. Hoje, só em Teresópolis, mais de 1400 pessoas vão ao Rio se tratar de alguma doença mensalmente e não têm onde ficar.
Da mesma forma, vimos a violência doméstica disparar na pandemia, e quero que as casas apoio e casas de passagem recebam verba para a manutenção e funcionamento, salvando mais mulheres da violência.
O DIA: Caso eleito, quais serão suas prioridades para o município?
Regina Fechó: Minha prioridade está na educação e na saúde, mas é o principal projeto, e que levou mais tempo para ser montado. Para isso, fui estudar o estado no Brasil que mais deu certo, e descobri que o melhor projeto separa até 10% do ICMS do estado para enviar aos municípios com melhor desempenho na educação como forma de bônus.
Esta medida fez o Ceará sair das últimas colocações para as primeiras, e hoje o RJ é o estado com pior desempenho educacional da região sudeste. Junto ao Amapá e Sergipe são os únicos estados que não batem as metas projetadas de educação para os primeiros anos de ensino desde 2013.
E este projeto já está sendo implementado em vários outros estados, dando bons resultados. Trazendo para nossa realidade, atrelei outros projetos a esta verba, como, por exemplo, a criação de quadras cobertas nas escolas de ensino integral, a criação de laboratórios de ciências, informática e robótica educacional, e ainda internet de alta velocidade. Especificamente em Teresópolis, quero mais escolas de ensino médio no interior.
Como este é um projeto que já deu certo, é minha prioridade colocar o RJ no mesmo patamar de educação dos outros estados e certamente Teresópolis vai ter um ganho enorme em suas escolas municipais.
Hoje temos muitas vagas de emprego na área tecnológica e pouca mão de obra qualificada. Quero que o jovem seja preparado desde cedo para competir de igual pra igual com o jovem de escola particular pelas oportunidades que aparecem. Um jovem teresopolitano pode, na área tecnológica, inclusive trabalhar de casa ganhando muito bem por isso. São portas que se abrem para muito além do Dedo de Deus.
O DIA: Como o sra. pretende combater o tráfico de drogas no município?
Regina Fechó: Como cientista da computação, criei um projeto de segurança utilizando câmeras, inteligência artificial e a união de cadastros de registros criminais e dos cidadãos.
A China hoje tem um sistema que funciona e encontra um cidadão procurado em 7 minutos. O mesmo sistema já encontrou criminosos em meio a um show com mais de 60 mil pessoas.
A violência no RJ está fora de controle e não temos como colocar um policial em cada esquina. Por isso quero usar a tecnologia para aumentar a força policial e sua capacidade estratégica. Teresópolis já teve um sistema de câmeras, implantado pelo Coronel Marcos Aurélio, com uma parceria com a iniciativa privada.
Eu quero colocar minha proposta em prática fazendo uso do Fundo de Segurança Pública, criado por lei estadual 8637 em 2019, e voltado para iniciativas justamente assim.
É uma proposta similar à medida recente de uso de bodycams pelos policiais que tem surtido efeito trazendo bons resultados. Mas, neste caso do meu projeto, podemos automatizar a fiscalização de pessoas e carros, usando a atuação presencial dos policiais de forma eficaz e assertiva.

O DIA: Em relação à educação, que leis a sra. julga necessárias para desenvolver o ensino a nível estadual?
Regina Fechó: O Brasil hoje, por incrível que pareça, é um dos países que mais investem em educação quando falamos em % do PIB. O Plano nacional de educação inclusive prevê que o Brasil chegue a investir até 10% do PIB o que nos tornará o campeão mundial de investimento na educação. Mas não vemos isso retratado na educação básica.
Isso porque a maior parte vai para o ensino superior, onde a maioria dos alunos não chega. O jovem de escola pública hoje mal chega no Ensino Médio e tem um desempenho horrível em português e matemática.
Precisamos mudar essa pirâmide ao contrário e começar a investir muito mais na educação básica e, aí sim, nossos jovens chegarão no ensino superior conseguindo lutar por uma vaga e com condições de terminar a faculdade de forma satisfatória.
Pensando nisso, quero implantar o meu projeto que cria o bônus educacional para os municípios investirem na educação básica. eu quero que todo aluno de escola pública tenha condições de chegar ao ensino superior e brigar por uma oportunidade no mercado de trabalho lado a lado com os alunos que vieram da rede privada.
E, lógico, pra isso acontecer, também incluí a capacitação e valorização dos professores no meu projeto.
Pra começar, quero que seja um parâmetro do cálculo do bônus, se o município cumpriu com a lei pagando o que deve aos professores com relação ao FUNDEB. Sem professor capacitado, não adianta ter uma excelente infraestrutura.

O DIA: Que medidas a sra. entende que sejam necessárias para desenvolver a economia do município?
Regina Fechó: Teresópolis tem um potencial turístico enorme. Antes de vir candidata , escrevi uma série de projetos que poderiam ter sido abraçados pelo poder executivo municipal e poderia ter conseguido lutar por verba em Brasília, assim como consegui para meu projeto nas escolas municipais (que não foi aceito pela prefeitura). Isso, inclusive foi o gatilho para que eu viesse candidata: furar esta barreira política que às vezes trabalha contra o povo.
Mas antes de chegar ao assunto turismo, eu quero realmente preparar melhor nossos jovens com mais educação de qualidade e, aí sim, eles ganharão alcance. Um jovem teresopolitano hoje fica muito dependente das oportunidades no comércio local. Podemos investir no turismo sim, mas a educação pode levar estes jovens para oportunidades até em outros países sem precisar sair da cidade. Isso representa também mais dinheiro entrando na economia local. Podemos fortalecer também a agricultura local com tecnologia. Teresópolis faz parte do cinturão verde, que abastece todo o estado do RJ. Quando a tecnologia vira um auxiliar do produtor, o orçamento aumenta e o município ganha junto.


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