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Existe um robô que vê um mestre-cuca preparar um prato e faz tudo sozinho. Depois de filmar uma vez, seus braços mecânicos produzem o mesmo quitute em série. Qualidade garantida. O carro sem motorista vem aí. O que será dos taxistas e motoristas de aplicativo, muitos dos quais já perderam outros empregos para a crise ou para outras máquinas? As vagas de operadores de telemarketing também vão acabar. Estamos nos acostumando a conversar com programas de inteligência artificial cada vez melhores. No campo, nem se fala. Os robôs estão arando, adubando, plantando, colhendo e transportando. Estão condenadas desde profissões repetitivas até o diagnóstico de doenças.

As máquinas roubarão mais e mais empregos. São mais baratas, eficientes e dão mais lucros. É um futuro assustador que nos remete ao filme Matrix, quando o Senhor Smith imobiliza Neo nos trilhos enquanto o trem se aproxima. "Está ouvindo? Este é o som da inevitabilidade", diz Smith, ele mesmo um vírus de computador que adquiriu consciência.

No filme, Neo não é esmagado pelo trem. O personagem de Keanu Reeves espera o momento certo e dá uma pirueta. Não somos heróis, como Neo, mas será que no nosso caso existe alguma pirueta possível, que evite o atropelamento tecnológico? Não sabemos se haverá empregos para todos, mas algumas categorias continuarão sendo procuradas. A mais óbvia: pessoas que falem com as máquinas. Engenheiros de programação, operadores de sistemas, técnicos em informática. E também gente que é capaz de fazer o que os robôs não podem, pelo menos por enquanto: criar.

A inteligência artificial é capaz de aprender qualquer coisa. Ao reconhecer as regras de xadrez, joga com ela mesma até se tornar invencível. O que ela não faz (ainda) é inventar as regras de um jogo. Uma receita de comida. Ou uma música. A gravadora Sony desenvolveu um programa para fazer hits ao estilo dos Beatles. Milhões foram gastos num computador que usou a base de dados das canções da banda para finalmente compor a música Daddy's Car. Pode ser ouvida no Youtube. Pelo visto, foi dinheiro jogado fora. Falta alguma coisa...

Esta coisa que falta é a centelha de criatividade humana. Uma forma mágica de ligar informações aparentemente desconexas que gera algo novo e original. Alguns cientistas dizem que esta é a principal característica da nossa espécie. Nós somos criadores.

Pessoas criativas nem sempre combinam com as empresas tradicionais. São mais rebeldes que a média. Provocadoras, não gostam de rotina. Como desafiam o senso comum, muitas vezes são consideradas chatas. Quer saber? Chato é quem não pensa, não questiona, não tem uma ideia nova. As empresas do terceiro milênio já perceberam isso e buscam criativos a peso de ouro. Aliás, criativos e visionários inventam suas próprias empresas, seus produtos e, portanto, suas carreiras. Isso é cada vez mais válido. Mas, a bem da verdade, não é de hoje. Um novo executivo estava percorrendo as salas do escritório da Ford Motors com o fundador da empresa, Henry. E ficou chocado ao ver um homem dormindo durante o trabalho, com os pés em cima da escrivaninha. "Por que você não demite esse aí?", perguntou ao patrão. Henry Ford respondeu com um sorriso: "É que esse cara teve uma ideia que me gerou um milhão de dólares. Deixa ele dormir. Quem sabe não acorda com outra ideia maravilhosa?".

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