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No domingo, aconteceu no show da Iza no Palco Sunset do Rock in Rio. Com um sorriso que brilhava mais do que o vestido prateado, ela contou aos fãs o que viveu diante do mesmo palco, no chão, em 2015. "Me ajoelhei e disse, meu Deus, não vai ser em 2017, pois ainda não estarei pronta, mas em 2019 vou estar lá em cima, cantando, dando o melhor de mim e fazendo pessoas felizes com minha arte".

Iza, uma moça de Olaria, é uma brisa de renovação na música pop brasileira. Não à toa, dividiu o palco com a veterana Alcione, num momento antológico de primeira-dama do samba com uma nova cantora negra que, como a marrom, tem voz e classe demais. Agora me diga, você acha que Iza deu um pulo da plateia para um dos palcos principais pois se ajoelhou e pediu a Deus? Ter fé e, portanto, pedir à Deus é importante para muita gente. Mentalmente, gera um meta e um foco em atingi-la, e isso é bom. Mas não é garantido. O que posso garantir é que ela tem muita vontade de ser uma artista e atingir o sucesso.

Ela mesma contou isso. O sonho vem primeiro. Querer chegar lá, de verdade. E este 'lá' pode ser o que você quiser. No caso da Iza, o sonho era tão poderoso que ela resolveu transformá-lo em realidade. Aí é que se vai além da vontade. Começa a ação. Você consegue imaginar quantas horas de ensaio, de aulas de canto, de dança, quantos bailes Iza fez antes de emplacar uma música? Ou se nasce com talento, ou não tem jeito. Mentira. Tem jeito sim.

Você pode aprender a fazer o que ama, o que admira, e pode aprender a fazer direito. Mesmo que não tenha muito dom natural. Já que estamos falando num festival de rock, vale contar uma lenda sobre 'The Boss', o chefão da cena roqueira nos USA, Bruce Springsteen. Ele era um moleque desajeitado, corpulento e baixinho, que levava bolada na cabeça quando jogava beisebol com os meninos perto de casa, em Nova Jersey.

Mas um dia ele viu um cara na TV. Era Elvis Presley, rebolando com um violão no ombro. E pensou, é isso que vou fazer. E comprou um violão e trouxe para casa. Ninguém sabia tocar nada, na família dele, nem ele tinha muito jeito pra coisa. Mas captou logo a atitude, e ficava mexendo e brincando com as cordas do violão. E rebolando, é claro. Também não teve aulas de violão, pois não havia dinheiro. Aprendeu a tocar do jeito dele, e a compor, e a cantar, e o resto é história.

É claro que se você tiver um dom natural, ajuda. É o caso da Iza. Mas, no fundo, depende do quanto você quer e, principalmente, o quanto é capaz de dar para seu sonho. E sabe o que é mais engraçado? Às vezes você nem precisa ser o melhor, só precisa ser você mesmo. Ser o melhor que você mesmo pode ser, a sua melhor versão. Para terminar, outra história do mundo pop, só que agora nosso astro é da MPB. Quando Caetano Veloso estava em Londres, no exílio, chamou um professor de inglês para lhe dar aulas. Caetano ouvia Gilberto Gil e Baden Powell tocando e ficava encabulado. Queria tocar como eles, como seus parceiros.

O professor pediu pra ele pegar o violão e tocar um pouquinho. E um pouco mais. Caetano cantou uma canção. E o inglês, impressionado, disse que não ia lhe dar aulas. "Se eu te ensinar a tocar violão com toda a técnica, como toco, você não iria mais soar como agora. Você não toca mal. Você toca do seu jeito, é a sua assinatura musical. Você toca violão como Caetano Veloso".

O resumo da história está aqui. Sonho. A hora de se ajoelhar no chão e pedir. Depois a hora de se levantar e suar, treinar, errar, aprender, lutar de verdade pelo que se quer. O resto é consequência. Vai acontecer na hora em que você fizer a coisa certa.

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