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O que as pessoas querem? Quem sabe a resposta é rico. Ou milionário se, além de saber, puder oferecê-lo ao mundo. As pessoas não querem as mesmas coisas, claro, mas às vezes surgem coisas que todo mundo quer. Além disso, o que as pessoas querem está sempre mudando, nada perdura e isso gera desastres e oportunidades incríveis.

Graças a uma consumidora voraz da marca, minha filha, assisti de perto a abertura da loja Forever 21. Começamos a frequentar mais depois que as filas de adolescentes diminuíram. Vendia muito, havia renovação frenética de estoque e boa divulgação de mídia, estímulos para gerar compras recorrentes. E, claro, havia garotas querendo acesso à moda internacional, ao requinte possível para os bolsos curtos da classe média.

O truque era oferecer roupa linda e variada com tecidos de baixa qualidade. Mas isso não era problema. As consumidoras queriam algo fashion para usar uma só vez e não repetir nunca. Portanto, não reclamavam. E daí? Quem iria querer usar de novo?

Só que o gosto das meninas mudou junto com a renovação de valores. O desperdício e a mania de gastar estão se tornando bregas. Os jovens são os mais sensíveis à mudança climática e estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes das ações causadoras do aquecimento global. As pessoas estão valorizando bens duráveis e deixando de se incomodar em repetir roupas, por exemplo.

Ironicamente, a Forever 21 está sendo extinta antes do urso polar.

Mas de desastre todo mundo está cheio. E as oportunidades? A resposta também vem da pergunta lá de cima. As oportunidades moram no mesmo andar do desejo. O que as pessoas querem? Nos dias de hoje, muitos estão deixando de querer um carro ou uma casa, por exemplo, para investir em coisas imaterias: saúde, estudo, experiências.

Saúde é campo vasto e vai além da medicina. Cuidadores, aplicativos de bem-estar, empresas de vacinação, academias, personal trainers, farmácias, o poderoso mercado da alimentação saudável, que vai de produtos orgânicos até refrigerantes probióticos como o Kombucha, um chá de origem chinesa fermentado naturalmente com sabor de frutas. É fácil de produzir: bastam água, chá, açúcar e Scooby, uma colônia de bactérias e leveduras. Custa barato. Você estuda, faz, engarrafa, cria uma marca. E entra no ramo da saúde.

Educação? Ainda vou contar direito o caso da minha amiga Carol Sanches. Era só uma professora de jardim de infância, mas se preocupava de verdade com livros infantis. Criou com sua colega Ronna Hanning uma curadoria de leitura e textos infantis que virou referência nas escolas. E agora produziu o livro-brinquedo mais vendido na Bienal do Livro, chamado Vai, Lobo. A criança lê a história e depois tem que caçar o lobo para valer. Um barato. E um baita sucesso. Tratando-se da Carol, acho que é só o começo...

O mercado da experiência é o que mais me atrai. Ele brilha. É o mercado do Rock in Rio e também do Maya Café, onde vendemos boa comida mas sobretudo proporcionamos momentos felizes. É, ainda, o mercado de turismo, talvez o negócio que mais cresce hoje no mundo. Turismo de experiência, que vai desde conhecer e beber numa cervejaria até voar de balão sobre a paisagem lunar da Capadócia, na Turquia. Ou, quem sabe, criar um modelo de passeio turístico realmente original, no Rio de Janeiro. Quem se habilita?

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