Por

Nunca pensei que eu fosse dizer isso. Para começar, não sou flamenguista. Mais do que isso, sou torcedor do Grêmio, que acabou de levar um chocolate de 5 x 0 em pleno Maracanã. Sofri e vi meu filho chorar de raiva enquanto a mãe dele, desalmada, berrava gol (cinco vezes) e comemorava. Ela, fazer o quê, é Flamengo desde criancinha. Como ia dizendo, nunca pensei em elogiar este time. Mas esta coluna existe para ensinar a empreender e falar das melhores empresas, aquelas que dão exemplo. E não há como não falar da melhor empresa do Brasil na atualidade. Veja bem, não se trata do clube, mas do elenco rubro-negro e de seu treinador.

O Flamengo só precisava empatar o jogo, pois tinha feito um gol na primeira partida, em Porto Alegre, que terminou 1 x 1. No primeiro tempo, o Grêmio até tentou surpreender. Renato Gaúcho botou a marcação para cima e mandou os azuis atacarem. Quase saiu o gol tricolor. Não é por ser meu time, o Grêmio é um dos melhores do Brasil. Mas é, também, um time convencional. Joga bem, mas joga como os outros. O Flamengo não.

A empresa do português Jesus é consciente do que faz o tempo todo. 'Leu' a estratégia do adversário e acelerou também. No final do primeiro tempo, os gremistas diminuíram o ritmo, pois não dava para jogar daquele jeito 90 minutos. Estava 0 a 0. No segundo tempo, todo mundo viu o que aconteceu. O Flamengo impôs uma intensidade irresistível e, mais veloz, fez o primeiro gol. Era o que bastava. O Flamengo só precisava do empate e estava ganhando o jogo. O que fariam os treinadores da maioria dos times do Brasil? Ora, era só botar mais um volante de marcação e segurar a partida. Era o que o Grêmio faria.

Só que não. O Flamengo não estava interessado em apenas vencer o jogo. Estava ali para jogar 90 minutos, mesmo ganhando. Marcar, correr, driblar. O resultado da tabela, a classificação era fundamental, claro, mas não é tudo. Por que não fazer mais do que o necessário? Quando uma empresa e seus colaboradores chegam no que se chama 'estado de arte', o céu é o limite. Não há porque ter medo, pois todos estão dando o máximo de si, dentro de uma filosofia acertada, e mais do que isso, todos sentem o prazer de se entregar, de fazer melhor.

Neste momento, a concorrência deixa de ser significativa e fica lá atrás, de olhos arregalados, tentando entender o que aconteceu. E, portanto, vieram os gols em série. O Grêmio, um time de boa marcação e que ainda tem Geromel, o melhor zagueiro do Brasil, virou um fantasma... A diferença de qualidade era gritante.

A nação rubro-negra tem hoje uma coisa rara, um líder. E que é capaz de ensinar e impor sua visão em campo. O que o técnico português ensinou aos jogadores? É fácil dizer: 1) Seriedade e empenho permanente. Ninguém para um minuto, a marcação é constante, não interessa o placar. 2) Inteligência coletiva. O esforço é coletivo e todos se entendem bem. Mas, além disso, vê-se que existe uma inteligência do grupo e é ela que se impõe. 3) Velocidade com objetividade. Não adianta só correr, é preciso ser rápido na direção certa. E por aí vai o Flamengo, renovando os ares não só no futebol, mas no tacanho ambiente empresarial brasileiro.

E agora a pergunta que não quer calar: e você, e a sua empresa? Você está disposto a entregar mais do que seu cliente pediu? Seu time sabe jogar coletivamente, com inteligência, ou é cada um por si? A bola está com você.

Você pode gostar
Comentários