Paulo dos Santos (de azul) atingiu preço de R$ 11,5 mil em saca de 60 kg de café especial: valor 28 vezes superior à bebida tradicional  - Divulgação
Paulo dos Santos (de azul) atingiu preço de R$ 11,5 mil em saca de 60 kg de café especial: valor 28 vezes superior à bebida tradicional Divulgação
Por Bernardo Costa

No Palácio Guanabara, sede do governo estadual, uma saca de café especial atingiu o preço de R$ 11,5 mil em um leilão que envolveu os principais produtores do Rio, no fim de novembro. O valor — cerca de 28 vezes superior ao da bebida tradicional — aponta para uma oportunidade de negócios: a aposta em grãos de qualidade elevada, que aumenta a renda e gera empregos no campo. O movimento em direção à produção de cafés especiais vem sendo impulsionado pelo Sebrae e Emater Rio e, no próximo ano, terá reforço de investimentos do poder público. Segundo Marcelo Queiroz, secretário de Estado de Agricultura, Pecuária, Pesca e Abastecimento (Seappa), o orçamento da pasta irá saltar de nove para R$ 100 milhões.

A saca vendida por R$ 11,5 mil foi produzida na Fazenda Florença, em Conservatória, e arrematada pela empresa Café Capital. Segundo Paulo Roberto dos Santos, responsável pela propriedade, o cultivo do tipo especial da bebida no Vale do Café teve início em 2017 e vem crescendo exponencialmente na região. Um dos reflexos é a geração de empregos.

"Na lavoura de cafés especiais, a máquina não substitui o homem, pois os grãos precisam ser colhidos a mão, de forma selecionada. Como o produto final tem maior valor agregado, o cultivo se torna mais rentável e contribui para a fixação do homem no campo", diz Paulo.

No leilão organizado no Palácio Guanabara, outro produtor que se destacou foi Paulo Ricci, do Sítio Santa Reginalda e Bom Jardim, na cidade de Porciúncula. Ele teve uma saca de café arrematada por duas cafeterias do Rio ao preço de R$ 6,5 mil.

"Jamais imaginei que venderia uma saca de café neste valor. Isso está provocando uma revolução em nossa região (Noroeste): só se fala em produzir café especial. Na safra do ano que vem, teremos novos produtores, pois, além de valorizar nosso produto, a renda pode aumentar em até 90%", comenta Ricci.

Segundo Moacyr Carvalho, presidente da Associação de Cafeicultores do Estado do Rio (Ascarj), a produção de cafés especiais no estado acompanha o aumento da demanda dos consumidores, que, segundo ele, cresce em torno de 15% ao ano: "É o caminho que está sendo priorizado na cafeicultura do Rio".

Você pode gostar
Comentários