Publicado 08/12/2020 19:28
No meio da manhã de 27 de novembro, funcionários do Centro Universitário de Valença notaram a discussão de um casal no estacionamento e chamaram a polícia quando viram que o homem estava armado. A dentista Mayara Fernandes, de 31 anos, foi mantida refém dentro do carro pelo policial militar cabo Janiton Celso Rosa Amorim por mais de duas horas, até que ele disparou em seu rosto. “Avalio a conduta da polícia como lamentável. A polícia poderia ter evitado o homicídio de Mayara”, diz a mãe da vítima em primeira entrevista após o feminicídio. A filha de Mirlene M. Pereira namorou o PM por cerca de três meses e decidiu terminar a relação, “o que não foi aceito pelo assassino”, conforme relata a mãe, que ressalta: “Não tenho informação de violência física, mas a violência psicológica já era presente”.
De acordo com relatos de pessoas próximas que serão ouvidas pela justiça, Janiton obrigou Mayara a excluir seus perfis em redes sociais e passou a controlá-la de diversas formas, inclusive selecionando quais pacientes ela poderia atender em seu consultório odontológico e instalando câmeras para monitorá-la. Mayara morava em Volta Redonda, cidade distante cerca de 60km de Valença, onde cursava pós-graduação. Segundo testemunhas, o PM de 39 anos se recusou a negociar, agrediu várias vezes a refém dentro do carro e avisou que a mataria e cometeria suicídio em seguida. Após resistir, Janiton aceitou a aproximação da polícia e chegou a encostar-se no muro do estacionamento, posicionado a certa distância da vítima e do negociador. “Quando a polícia não agiu no momento em que podia e devia ter agido, deixou claro para o assassino que poderia agir por um longo período sem que nada o acontecesse. Somente após a chegada do BOPE que o mesmo, entendendo que não mais teria esta “proteção”, se alterou e atirou em Mayara”, disse Mirlene. Janiton disparou no rosto da vítima enquanto um helicóptero do Batalhão de Operações Policiais Especiais sobrevoava o campus. “Não precisa ser especialista para ver que o assassino estava disposto a matar minha filha e mesmo assim a polícia não agiu, deixando-o que matasse minha filha em uma atitude egoísta e cruel”, disse Mirlene.
Mayara deixou um filho de 5 anos, que está sob a guarda do pai e dos avós maternos. “Manteremos a união familiar para que possamos dar um crescimento bom para meu neto, que se vê obrigado a crescer sem sua mãe”, conta Mirlene, que conclui: “Infelizmente minha filha não está conosco e não poderá cumprir seus sonhos que tanto batalhou e vinha construindo, mas acreditamos na justiça e faremos todo possível para que este assassino seja condenado pelo tribunal do júri e que sua pena seja aplicada em seu grau máximo, fazendo com que este monstro fique longe da sociedade. Não merecemos que pessoas assim estejam em convívio, evitando que outros crimes venham a ocorrer e que outras famílias venham a sofrer”. Conforme informou O DIA, a denúncia do Ministério Público deve acontecer em breve. “O acusado encontra-se preso preventivamente, prisão esta que não tem prazo de duração, respondendo por crime hediondo de homicídio qualificado (feminicídio), crime de sequestro, dentre outros que o Ministério Público entender cabível, o que saberemos com o oferecimento da denúncia nos próximos dias”, disse Fernando Velloso, advogado da família. Repudiado por autoridades e instituições, o feminicídio de Mayara gerou manifestação popular cobrando justiça e chamando atenção para o aumento dos crimes de ódio contra a mulher. "Lutaremos pelo seu filho, pela sua família, lutaremos por você, por justiça, lutaremos por todas nós", diz grupo de feministas que criou a página Justiça por Mayara.
De acordo com relatos de pessoas próximas que serão ouvidas pela justiça, Janiton obrigou Mayara a excluir seus perfis em redes sociais e passou a controlá-la de diversas formas, inclusive selecionando quais pacientes ela poderia atender em seu consultório odontológico e instalando câmeras para monitorá-la. Mayara morava em Volta Redonda, cidade distante cerca de 60km de Valença, onde cursava pós-graduação. Segundo testemunhas, o PM de 39 anos se recusou a negociar, agrediu várias vezes a refém dentro do carro e avisou que a mataria e cometeria suicídio em seguida. Após resistir, Janiton aceitou a aproximação da polícia e chegou a encostar-se no muro do estacionamento, posicionado a certa distância da vítima e do negociador. “Quando a polícia não agiu no momento em que podia e devia ter agido, deixou claro para o assassino que poderia agir por um longo período sem que nada o acontecesse. Somente após a chegada do BOPE que o mesmo, entendendo que não mais teria esta “proteção”, se alterou e atirou em Mayara”, disse Mirlene. Janiton disparou no rosto da vítima enquanto um helicóptero do Batalhão de Operações Policiais Especiais sobrevoava o campus. “Não precisa ser especialista para ver que o assassino estava disposto a matar minha filha e mesmo assim a polícia não agiu, deixando-o que matasse minha filha em uma atitude egoísta e cruel”, disse Mirlene.
Mayara deixou um filho de 5 anos, que está sob a guarda do pai e dos avós maternos. “Manteremos a união familiar para que possamos dar um crescimento bom para meu neto, que se vê obrigado a crescer sem sua mãe”, conta Mirlene, que conclui: “Infelizmente minha filha não está conosco e não poderá cumprir seus sonhos que tanto batalhou e vinha construindo, mas acreditamos na justiça e faremos todo possível para que este assassino seja condenado pelo tribunal do júri e que sua pena seja aplicada em seu grau máximo, fazendo com que este monstro fique longe da sociedade. Não merecemos que pessoas assim estejam em convívio, evitando que outros crimes venham a ocorrer e que outras famílias venham a sofrer”. Conforme informou O DIA, a denúncia do Ministério Público deve acontecer em breve. “O acusado encontra-se preso preventivamente, prisão esta que não tem prazo de duração, respondendo por crime hediondo de homicídio qualificado (feminicídio), crime de sequestro, dentre outros que o Ministério Público entender cabível, o que saberemos com o oferecimento da denúncia nos próximos dias”, disse Fernando Velloso, advogado da família. Repudiado por autoridades e instituições, o feminicídio de Mayara gerou manifestação popular cobrando justiça e chamando atenção para o aumento dos crimes de ódio contra a mulher. "Lutaremos pelo seu filho, pela sua família, lutaremos por você, por justiça, lutaremos por todas nós", diz grupo de feministas que criou a página Justiça por Mayara.
A antropóloga Marcela Lagarde alerta que o feminicídio "constitui o ponto culminante de um espiral de violência originada na relação desigual entre homens e mulheres na sociedade patriarcal". A acadêmica Mariana Antônia Santiago ressalta que embora o termo seja historicamente recente "dá nome a uma prática muito antiga", e que "o patriarcado, no qual o machismo se inscreve, desenvolveu formas as mais variadas de violência contra a mulher". Dados relativos ao primeiro semestre deste ano mostram crescimento de 1,9% nos casos de feminicídio no Brasil em comparação com o mesmo período de 2019. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em outubro, o longo do ano passado, 1.326 mulheres morreram vítimas de feminicídio no país, número 7,1% maior que o registrado em 2018. O Anuário completo de 2019 revela que 89,9% dos crimes foram cometidos pelo companheiro ou ex-companheiro. O dados mostram, ainda, que 66,6% das mulheres vítimas desse tipo específico de crime de ódio eram negras, e a maioria (56,2%) tinha entre 20 e 39 anos.
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