Brasília - A Polícia Federal concluiu a perícia nos áudios da conversa entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista, dono da JBS. A conclusão dos técnicos do Instituto Nacional de Criminalística indica que há cerca de 180 interrupções na gravação, mas não houve nenhum tipo de manipulação ou edição nos arquivos que foram examinados.
As interrupções seriam por conta do programa de gravação utilizado por Joesley, que interrompe o processo nos momentos em que detecta silêncio, retomando quando alguma voz é captada.
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Apesar da expectativa de que a perícia fosse enviada ainda nesta sexta-feira para o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, o laudo só deverá ser entregue na segunda-feira.
Um dos principais pontos da estratégia de defesa de Michel Temer no inquérito em que o presidente é investigado pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça, é a desqualificação dos áudios.
“Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos e incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação”, disse Temer, em discurso, dois dias após a gravação ter sido tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal.
A defesa do presidente chegou a contratar o perito Ricardo Molina para analisar o material. O especialista qualificou a gravação como “imprestável”. A perícia deverá fazer parte da denúncia contra Temer, que deverá ser apresentada na terça-feira pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF.
Quando a denúncia chegar ao STF, Fachin terá que solicitar à Câmara dos Deputados autorização para processar o presidente. A autorização passará pela Comissão de Constituição e Justiça e, depois, terá que ser aprovada pela maioria de dois terços dos deputados. Após isso, o STF examinará a denúncia da procuradoria. Caso a denúncia seja aceita, o presidente se tornará réu e estará automaticamente suspenso do cargo.