Por gabriela.mattos
Rio - Na Mocidade desde 1979 e na diretoria da agremiação há 28 anos, Maria Graça de Carvalho já passou por muitos Carnavais na Verde e Branca. No entanto, ao lembrar do desfile de 2014, ela não esconde as lágrimas e a emoção: “Não tínhamos nada, mas fizemos o Carnaval em 23 dias. Foi a coisa mais linda. Ficamos em 9º, mas com gostinho de 1º lugar”, conta. Naquela ocasião, especulava-se que a agremiação não conseguiria entrar na Avenida por causa de problemas financeiros. Dias antes do desfile daquele ano, o então presidente Paulo Vianna renunciou ao cargo e Rogério Andrade assumiu o posto.
Maria Graça de Carvalho está na Mocidade desde 1979Márcio Mercante / Agência O Dia

“Foi o Carnaval de superação da Mocidade”, conta a diretora, enfatizando seu amor pela escola: “Eu não estou na Mocidade, eu sou Mocidade”. Questionada se algum dia tiver que sair da agremiação, ela reforça: “Não tem como eu arredar o pé daqui. Eu não me vejo sem essa escola. É paixão”, completa.

Graça conheceu a Mocidade durante uma apresentação da bateria da escola no Bangu Atlético Clube, na Zona Oeste do Rio. Ela conta que só conseguiu convencer o pai de deixá-la participar da agremiação após começar a cursar Educação Física na universidade. “Sempre fui muito presa e na época diziam que escola de samba era lugar de gente que não prestava”, acrescenta Graça, que tem 60 anos, um ano a menos que a Verde e Branca.
Maria Graça faz parte da diretoria da Mocidade e acumula grandes histórias na escola de sambaMárcio Mercante / Agência O Dia

Desde quando começou a desfilar, há 38 anos, Graça se apaixonou cada vez mais pela escola de Padre Miguel. De todo o período em que ela ajuda na agremiação, 20 anos foram de trabalho voluntário. Apenas nos últimos oito anos ela começou a receber uma remuneração pelo cargo no barracão, na Cidade do Samba, Zona Portuária do Rio.  Responsável pelas 14 alas da comunidade desde 2010, a profissional faz a inscrição dos novos integrantes e também tem a função de dispensar aqueles que não comparecem aos ensaios na quadra ou na rua.

Além do desfile de 2014, Graça cita ainda o Carnaval de 1990, quando a Mocidade levou o enredo “Vira Virou” para o Sambódromo, e o de 1996, ano em que a escola foi campeã com “Criador e Criatura”, que teve como intérprete Wander Pires, que retorna à escola de Padre Miguel depois de oito anos. Já a expectativa para ganhar o título deste ano é alta. “A gente tem fé em Deus, está tudo organizado. A gente tem condições de chegar lá e levar o título. Estamos fazendo bons ensaios, as pessoas estão muito interligadas, com muita dedicação e carinho. Esperamos que 2017 seja um ano bem satisfatório”, reforça.

No dia grande dia na Sapucaí, ela supervisiona as alas, confere se está tudo certo com as fantasias e, só depois de organizar tudo, se posiciona no fim do desfile. “A cada ano é uma emoção diferente”, afirma.

Publicidade
A história de Maria Graça faz parte da série "Personagens do Samba" do DIA Online. As matérias especiais são publicadas todas as segundas, quartas e sextas-feiras. Na próxima sexta, a vez é da União da Ilha do Governador.
?Reportagem de Adriano Araújo, Gabriela Mattos e da estagiária Luana Benedito