Rio - Basta circular por aí que Alex Escobar escuta: 'Ô, Escobar, vem tomar o meu cafezinho'. O apresentador do 'Globo Esporte' já se acostumou ao convite dos torcedores tanto quanto aos gritos de 'Ah, aha, a careca do Escobar'. Com simpatia e bom humor, ele transformou o quadro 'Cafezinho com Escobar' em um dos grande sucessos do programa, que nesta quarta-feira completa 35 anos no ar.
Para comemorar o aniversário do telejornal esportivo, Escobar recebeu no estúdio Léo Batista, o primeiro apresentador e titular aos sábados; Glenda Kozlowski, que comandou a atração por oito anos; Isabela Scalabrini, uma das primeiras mulheres que se dedicaram à cobertura esportiva na TV brasileira; Tino Marcos, que já foi apresentador e participa do 'GE' desde 1986; e Eric Faria, que faz reportagens para o programa há 15 anos.
No comando do 'GE' desde 2010, quando substituiu Glenda, Escobar, de 38 anos, foi comissário de bordo, radialista e comentarista no canal a cabo Sportv. Nesta entrevista, ele fala da influência do programa esportivo na sua infância, brinca dizendo que sofre bullying por ser torcedor do América e garante que não perde uma boa oportunidade. "Não sei se jogo nas 11, mas sou abusado. E gosto muito do que eu faço. Não desperdiço oportunidades. Se abrir uma porta, eu entro", diz ele.
O DIA - Qual é a sua relação com o 'Globo Esporte'? Você assistia ao programa?
Alex Escobar - O 'Globo Esporte' é uma referência pra mim. Sou de uma geração que não tinha TV por assinatura. Desde muito pequeno, peguei gosto por futebol, com 5 anos eu colecionava álbum de figurinhas de futebol. Sou torcedor do América, que naquela época aparecia sempre no noticiário esportivo. Hoje, infelizmente, isso não acontece mais. Minha relação com o programa é essa, influência total!
O DIA - Você é um dos poucos profissionais do esporte que não esconde que torce para um time...
Escobar - Eu sofro bullying até hoje, porque as pessoas não acreditam que eu torço para o América. Elas acham que eu digo isso para enganar, porque na verdade o meu time é outro. Eu entendo os colegas que escondem o time para qual torcem. Mas o meu amigo Renato Maurício Prado (apresentador do canal Fox Sport), por exemplo, sempre deixou claro que torce para o Flamengo. E, no rádio, o comentarista Washington Rodrigues (o Apolinho, da Rádio Tupi) também é Flamengo. Tenho uma teoria de que é menos nocivo assumir o time. Quando você firma uma posição, acho que fica uma crítica mais justa. É menos doloroso.
O DIA - Como é comandar um programa com tanta história? Imaginava que um dia isso pudesse acontecer?
Escobar - É mais do que eu sonhei. Sou lá de Bangu, fui comissário de bordo. Meu sonho era trabalhar no rádio (apresentou o programa 'Rock Bola' na extinta Rádio Cidade). Até que veio o Sportv, onde fui comentarista, e depois passei para o 'Bom Dia Brasil', na Globo, como apresentador de esportes. Hoje, apresentar o 'Globo Esporte' é uma responsabilidade muito grande. É uma honra. No início, foi assustador.
O DIA - Por que foi assustador? Qual foi a sua maior dificuldade?
Escobar - Por décadas, minha relação com o programa foi de telespectador e fã. Quando assumi como apresentador (em setembro de 2010, substituindo Glenda Kozlowski), demorou cair a ficha. Será que é isso mesmo? Depois, com o tempo e o trabalho, vieram as tarefas, e me acostumei com a responsabilidade. Por isso, eu digo que é mais do que eu sonhei. Hoje, o 'Globo Esporte' é a minha vida.
O DIA - Como foi o encontro com Léo Batista, Glenda e os outros colegas?
Escobar - Foi gostoso demais. Eles lembram o começo de cada um no programa, histórias de bastidores, grandes coberturas, as mudanças. Foi uma grande alegria. O Léo é muito querido por todos, ele incentiva muito o pessoal. Ele estava muito feliz na gravação, feliz por ter começado isso tudo. É uma figura marcante no esporte.
O DIA - Nesses anos todos, o que mais mudou no programa?
Escobar - O cenário. Antigamente, era uma tapadeira, um negócio feio, simples, que ficava atrás do Léo. Hoje, é tudo moderno, tem telão. A mudança de linguagem não foi tanta, porque o Léo sempre teve uma informalidade grande. A maneira de apresentar não mudou muito, não. Léo foi um desbravador!
O DIA - Você foi radialista, comentarista no canal Sportv, apresentador de esportes no 'Bom Dia Brasil', na Globo, é titular do 'Globo Esporte', apresentou o desfile das escolas do Grupo de Acesso do Rio. Se precisar, você joga nas 11, não?
Escobar - Não sei se jogo em qualquer posição, mas sou abusado. E gosto muito do que eu faço. Não desperdiço oportunidades. Se abrir uma porta, eu entro. Gosto quando pinta uma coisa diferente para fazer. Curti muito apresentar o Carnaval, fiquei amarradão. Estou doido para fazer de novo!
O DIA - O quadro 'Cafezinho com Escobar', às terças-feiras, é um sucesso. Como surgiu?
Escobar - Não foi imaginado como quadro. Um colega deu a ideia depois de uma rodada boa para os cariocas. Fui para a rua e levei um café para conversar com a galera. Funcionou tão bem que virou fixo. Mas eu não esperava que fosse assim. Agora, quando vou a qualquer lugar, me oferecem café o tempo todo: 'Ô Escobar, vem tomar meu cafezinho!'. A cada semana, a gente cumpre a missão de ir a um bairro diferente, é importante ouvir a opinião de todos. Vou ao Centro, já fui à Penha, Jacarepaguá, Copacabana. Temos que diversificar, quero ir ao subúrbio, à Zona Oeste e à Baixada.
O DIA - O programa vai ter mais novidades como a 'Mesa Tática', que surgiu na 'Central da Copa', durante a Copa das Confederações?
Escobar - Vem mais coisas por aí, sim. Essa foi uma novidade desenvolvida pela equipe da Globo. Quando penso que já fizeram tudo, aparecem mais coisas novas. Esse componente tecnológico faz parte do programa. Mas agora estamos focados na Copa do Mundo. Vamos ter novidades, sim, visando a isso. Queremos fazer uma cobertura bacana.
O DIA - E por falar em Copa, acha que o Brasil é favorito depois de atropelar a Espanha na final da Copa das Confederações?
Escobar - Acho que o Brasil é favorito, sim. É mais pelo fato de a Seleção se sentir muito à vontade jogando no país. Pode ser uma pressão muito forte, se não der certo. Na Copa das Confederações, a torcida empurrou o time. Não sei se a Espanha estava desinteressada. Mas acho que na Copa do Mundo vamos ter adversários bem mais fortes.