Rio - Caio Blat conversa baixinho, devagar, pronunciando bem cada palavra. É uma busca constante por serenidade. “É bom falar calmamente porque dá tempo para pensar. Sempre tento me expressar assim”, conta o ator, que, não por acaso, vive o monge budista Sonan em ‘Joia Rara’, novela das seis da Globo. É desta forma, um tanto comedida, sem maiores pretensões, que o ator vislumbra sua vida daqui a exatos dez anos: “Quero estar onde estou: casado com a (atriz) Maria (Ribeiro), fazendo cinema e curtindo meus filhos”.
Em 2023, Caio se recordará desse desejo quando voltar à casa de campo em São Francisco Xavier, na Serra da Mantiqueira, em São Paulo, onde filmou o longa ‘Entre Nós’, do diretor Paulo Morelli, com sua mulher, Paulo Vilhena, Carolina Dieckman, Julio Andrade, Martha Nowill e Lee Taylor. É que o os atores do filme — que foi exibido no Festival do Rio e tem estreia marcada para março do ano que vem — recriaram na vida real uma cena da trama, na qual amigos de longa data escrevem suas projeções para o futuro e colocam numa caixa. Após ser enterrada, a caixa, que guarda todos os papeis, só é aberta uma década depois, quando o grupo finalmente se reencontra.
Seja o que acontecer até lá, Caio, que é espírita, prefere não colocar nada na conta do destino. “Acredito que é a gente que constrói nosso destino”, afirma. De cabelo raspado, ele confessa que se apaixonou pela filosofia da religião oriental. “O budismo tem um ensinamento fundamental que diz que tudo é passageiro. Isso nos ajuda a enfrentar todas as crises, problemas, dificuldades, angústias. Se meditarmos em cima dessa verdade, podemos conseguir relaxar um pouco mais, sermos felizes e encarar a vida com menos densidade”, opina.
“Eu já conhecia um pouco da filosofia. Mas, com a novela, me aprofundei. Ela é muito forte. Tem conceitos profundos. Tenho meditado, recitado mantras... Isso me faz muito bem. Agora, sou espírita kardecista e budista”, define.
A filmagem de ‘Entre Nós’ também foi um momento oportuno para fugir do corre-corre da metrópole e colocar os pés no freio. “Foram férias coletivas e lua de mel. Dormíamos em chalés, com a lareira acesa. Passávamos a noite toda conversando sobre o filme, reescrevendo os diálogos, ensaiando, tendo ideias. Toda essa intimidade está registrada”, conta. Intimidade real, diga-se de passagem.
Assim como seus personagens, os atores também se conhecem de outros carnavais. “O Paulo Vilhena é meu amigo há mais de 20 anos. E a Maria e a Carolina são melhores amigas a vida inteira. Quem assiste vê que essa é uma turma de verdade e sente até vontade de estar lá bebendo e conversando com a gente. Existe um sentimento verdadeiro ali. Há um tesão entre as pessoas. Registramos, no filme, nossa amizade e amor.”