Rio - Por trás da bancada e dos ingredientes para as receitas do programa de culinária de Heloísa, personagem de Flávia Alessandra na nova trama das 19h, ‘Além do Horizonte’, que estreia amanhã, está a vontade da atriz de ter uma atração para chamar de sua. “Sempre tive uma Hebe dentro de mim. Quando faço eventos e preciso entrevistar alguém, acho uma delícia, fico me sentindo. Essa coisa de conversar, ouvir e trocar com as pessoas faz parte da minha natureza”, conta ela, que se inspirou nas famosas chefs Nigella Lawson e Katie Lee para compor a personagem.
Cozinhar, aliás, é um prazer para Flávia. “Faço tudo. Mas gosto mesmo é de saladas. Vejo o que tem na geladeira e faço umas misturas mirabolantes”, conta, orgulhosa. “Só não sei fazer doce, mas acho que é uma autodefesa, né?”, brinca a atriz, de 39 anos.
A proximidade dos 40, por sinal, não assusta Flávia. “Tive a crise dos 30 antes, lá pelos 28. Mas a dos 40 eu não estou tendo. Acho que esses anos foram muito benevolentes com todos nós. Estamos muito melhores do que nos anos 90. Pode olhar para trás que vocês vão ver”, diz ela, aos risos, referindo-se às roupas e aos penteados do passado.
“Talvez eu seja privilegiada geneticamente. Fui bailarina a vida inteira, gosto de comida saudável e de fazer esportes. Mas esse não é meu objetivo de vida, não tenho essa preocupação. Então, fica a parte gostosa, de como conseguir levar a vida de uma forma melhor: saber o que é problema e o que não é. O que me faz perder o sono ou não. É muito raro eu perder o sono. Não tomo nada, só meu suquinho de maracujá e pronto”, diz.
Mãe de Giulia, de 13 anos, de seu relacionamento com o diretor Marcos Paulo, morto em 2012, e Olívia, 3, do casamento com o repórter do ‘Video Show’ e ator Otaviano Costa, a atriz diz que se tornou um ser humano melhor após a chegada das meninas. “A gente passa a ser a última da lista, sempre. É aquilo: arruma a filha, bota as coisas no carro e, por último, você pede: ‘Me dá 10 minutinhos para eu me arrumar?’. Ficamos menos egoístas”, avalia ela, que assume não ser fácil criar filhas com idades tão diferentes.
“O mais difícil é acompanhar o pique das duas. Pego a mais velha em alguma festinha, à noite, e, logo pela manhã, a pequena desperta, pedindo: ‘Mãe, vamos à piscina, ao parquinho?’. Mas é muito gostosa a troca entre elas. A Jujuba ensina coisas para a Olívia, que vem dançando funk, cantando ‘Show das Poderosas’. Posso com isso?”, derrete-se.
Seguindo os passos dos pais, Giulia está decidida pela profissão de atriz. Ela já atuou em duas peças, ‘Rei Leão II’ e ‘Era Uma Vez’. “Estamos presentes, apoiando. A Giulia está começando onde o ator pode ter mais segurança, que é o teatro. E, há poucos meses, a levei para fazer o cadastro lá na Globo. Demos o primeiro passo. Agora é aguardar, para ver o que vem. Mas ela está preparada e madura. Já entendeu o ritmo de vida que a profissão exige”, garante Flávia.
Casada há sete anos com Otaviano, ela acha graça dos comentários em torno do strip-tease feito pelo marido no programa ‘Amor & Sexo’, há um mês. “Foi incrível. Não ficou além nem aquém, tinha a ver com o que estava sendo dito. Não me surpreendeu, porque sei do que ele é capaz. Aliás, ele é capaz de muito mais”, avisa. Para a atriz, é o momento do marido. “Pela primeira vez, ele está conseguindo mostrar quem é de verdade. As pessoas lembram dele do ‘O+’ (Band) ou como ator. Agora, veem uma pessoa multitalentosa, que toca, canta, dança e é muito engraçada”, diz.
Quanto às críticas recebidas pelo marido por sua desenvoltura em frente às câmeras, Flávia é enfática. “Ninguém é unânime. Nem todo mundo gosta de mim ou da forma como mostro meu trabalho. Isso faz parte. Infelizmente, escolhemos uma profissão onde a gente está sempre ali, na berlinda, exposto, com críticos à nossa espera”, reconhece.
E, por falar em profissão, Flávia conta que não esperava voltar à TV tão cedo. Seu último papel foi em ‘Salve Jorge’, como a tenente Érica. “O Ricardo (Waddington, diretor de núcleo) me chamou antes de eu entrar de férias. Quando eu li, acabei me encantando, pois queria fazer comédia ou uma vilã. A Heloísa me deu oportunidade de brincar de novo, é uma comédia sutil. Ela é divertida, engraçada e espontânea. Passa o dia no salto, mas se realiza na cozinha”, adianta.
Na trama, Heloísa é abandonada pelo marido, Luis Carlos (Antonio Calloni), que some sem dar explicações, com objetivo de encontrar a felicidade em um lugar distante, assim como outros personagens da história. Após um tempo, é dado como morto e a apresentadora cria a filha, Lili, sozinha, até receber uma carta do marido, dez anos depois de ele desaparecer misteriosamente.
“Tem pitada de aventura, mistério e suspense. Não é uma característica desse horário das sete, mas que faz total parte do contexto. E isso vai envolver o telespectador. E a ousadia do risco é superválida. Nós seríamos muito mais felizes e ousados se o medo não existisse, né?”.
SALADA DA FLÁVIA
INGREDIENTES: Rúcula, nozes, pera, queijo gorgonzola, passas e palmito
MODO DE FAZER: misture a rúcula, corte a pera em pedacinhos e caramelize a fruta com mel para ficar douradinha. Triture as nozes e as jogue no prato com pedacinhos de gorgonzola e de passas. O palmito deve ser cortado em rodelinhas.
MOLHO: temperar com azeite, um pouquinho de sal grosso ou flor de sal, mel, alho (“Dependendo da situação, se você for dormir com seu marido ou dialogar com alguém, evite”, ensina Flávia) e uma pitada de limão. “Fica um prato lindo!”, garante a atriz.