Por adriano.araujo

Rio - Alex Escobar é a bola da vez. Aos 39 anos, o apresentador do ‘Globo Esporte’ está escalado no time de narradores da Globo para a Copa do Mundo após ter estreado como locutor esportivo há apenas um mês, no jogo Flamengo x Bangu, pelo Campeonato Carioca. Novato numa equipe de feras como Galvão Bueno, Cléber Machado e Luiz Roberto, ele nem imagina transmitir uma partida da Seleção Brasileira, menos ainda ser o sucessor da maior estrela da companhia. “O dia que o Galvão parar ainda tem muita gente na minha frente. Estou no final da fila. Tem muita água para rolar. Para narrar um gol do Brasil, vou levar ainda uns bons anos e algumas Copas pela frente”, admite Escobar, que neste domingo estreou no Campeonato Brasileiro narrando São Paulo x Botafogo.

Ao levar seu estilo bem-humorado para o futebol, ele chegou a imaginar que receberia muita pancada no seu primeiro jogo, mas se surpreendeu com a goleada de elogios. “Tenho noção de que meu estilo é diferente, é uma narração mais conversada. Não tenho o mesmo ‘punch’ de voz e a mesma pressão dos outros narradores”, avalia o apresentador. “Quero muito acertar, me tornar um narrador. Narrar a Copa vai ser muito especial, o maior desafio da minha vida profissional. Mas não me sinto pressionado. Estou feliz e orgulhoso”, completa ele, que, durante o Mundial, também vai apresentar o ‘Central da Copa’, ao lado de Tiago Leifert, nos dias de jogos do Brasil.

"O dia que o Galvão parar ainda tem muita gente na minha frente. Estou no final da fila"%2C diz EscobarJoão Laet / Agência O Dia

Entrar na seleção de locutores globais exigiu treinamento intensivo. Escobar passou nove meses gravando pilotos de jogos inteiros — que depois eram analisados pela direção de Esporte. Mas, quando ouviu a própria voz, ele confessa que não gostou muito. “Achei ridículo. Não parecia um narrador, parecia um aprendiz”, dá uma gargalhada. “Meu primeiro obstáculo foi não me sentir assim. Depois, pegar o ritmo do jogo... Isso é prática. O treinamento me deu segurança. Quando fui para o ar, estava confiante”.

Na infância em Bangu, onde nasceu, Escobar narrava jogo de botão e imitava o locutor José Carlos Araújo, o Garotinho, hoje na rádio BandNews FM. Mais tarde, virou locutor da pelada de vizinhos, sem imaginar que um dia trabalharia na Globo.

Antes de chegar à TV, Escobar foi comissário de bordo e radialista na JB FM e na Rádio Cidade, onde era um dos apresentadores do ‘Rock Bola’. Quando entrou no Sportv em 2003, virou comentarista esportivo, até ser fisgado pela Globo em 2008 para participar do ‘Bom Dia Brasil’ como apresentador de esportes. Desde 2010, comanda o ‘Globo Esporte’. “É muito mais do que eu sonhei. Muitas pessoas tiveram que abrir a porta pra mim. Sei lá, de repente o mundo foi com a minha cara e as coisa começaram a dar certo”, diverte-se.

O sucesso do apresentador vem muito do seu jeito brincalhão. Até sua careca, que virou uma marca registrada, com direito ao corinho “Ah, aha, a Careca do Escobar”, ajudou a construir a popularidade. “Não posso chegar em restaurante, shopping ou praça que as pessoas cantam. Pedem para tirar foto, para passar a mão e, às vezes, querem dar beijo na careca. Lido com isso numa boa, acho que gera uma intimidade”, conta ele, aos risos. “Muita gente fala de carisma, mas para mim é difícil definir. Como faz pra ser carismático? Não sei. Credito muito à minha criação em Bangu. Acho que os amigos que tive, a coisa do suburbano de achar graça na dificuldade... Isso tudo ajudou”.

Em 2010, durante a Copa da África do Sul, Escobar foi xingado pelo técnico da Seleção Brasileira Dunga durante uma coletiva. O episódio que podia ter prejudicado sua carreira só acabou fortalecendo-a. “Fiquei preocupado. O que me incomodou no início é que algumas pessoas acharam que eu dei motivo, e não dei. Mas recebi apoio de muita gente. Me senti querido e respeitado. O dia que eu encontrar o Dunga vou falar com ele numa boa”, diz.

Se na carreira marca um gol atrás do outro, na vida pessoal, Escobar também não tem do que se queixar. Separado há dois anos, pai de Mariana, de 16, e Pedro, 13, ele está namorando a jornalista Thamine Leta há alguns meses e já pensa em se casar novamente. “Quando você demora muito pra ter certeza e segurança de que é a pessoa ideal, é porque não é. Quando é uma coisa de alma mesmo, é imediato. A gente se dá muito bem desde o primeiro momento”, afirma ele, acrescentando que a namorada faz críticas construtivas. “Às vezes, ela faz observações que eu digo: ‘Caraca! Mandou bem’. Ouço bem todo mundo que rema para o mesmo lado que eu. Mas crítica é um saco”.

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