Rio - Em 2008, Thaís de Campos, que faz a Célia de ‘Boogie Oogie’, voltou para o Brasil depois de morar oito produtivos anos em Portugal. Na terrinha, a atriz se casou, teve a sua filha caçula, comandou uma escola de televisão e cinema, dirigiu vários produtos da SIC — emissora de TV portuguesa — e deu início a uma parceria que vem rendendo frutos também aqui. Foi em Lisboa que ela conheceu Rui Vilhena, autor da novela das 18h e responsável pela sua escalação na trama embalada pelo som da disco music.
“O Rui dava aulas de roteiro na minha escola e eu dirigi uma novela dele, além de seriados que a gente produzia com os alunos. O tempo passou, o Aguinaldo (Silva) trouxe o Rui para cá e ele me convidou para fazer ‘Boogie Oogie’. A Célia é uma personagem deliciosa, cheia de conflitos”, diz.
De fato, na ficção, uma vida certinha não tem a menor graça. E como esse, definitivamente, não é o caso da Célia, Thaís está rindo de orelha a orelha. A personagem de ‘Boogie Oogie’ já foi acusada injustamente de trair Artur (Gustavo Trestini) e agora viu a sua promoção na Vip Turismo, empresa onde trabalha com o marido, ameaçar a solidez do seu casamento.
“Na época em que a novela se passa (1978), existia uma cultura machista, onde o homem era o provedor, era o que mantinha a casa e que dava a última palavra. Com a promoção da Célia, o machismo do Artur, até então não aparente, vem à tona. A relação dos dois vai por água abaixo depois que a Célia passa a colocar mais dinheiro em casa e paga sozinha a festa de 15 anos da filha Alessandra (Julia Dalavia)”, adianta.
Se o casal vai se separar, a atriz ainda não sabe, mas ela tem certeza de que a sua personagem não é submissa. “A Célia parece caretinha, mas é uma mulher moderna, que se cuida, tem prazer de viver. Ela não é uma mulher de baixar a cabeça ao ponto de deixar de ser ela por causa do marido. A Célia não vai se anular. O bacana dessa história é a gente ver que com, o passar do tempo, os homens ficaram bem menos machistas”, comemora.
Machismo à parte, a relação do casal de ‘Boogie Oogie’ saiu dos trilhos devido a problemas profissionais. Para Thaís, dividir a casa e o trabalho é uma difícil missão. “Sempre surge competitividade quando as duas pessoas estão no mesmo meio profissional. A gente vê muito isso nos casamentos entre atores. Não tem regra, depende da cabeça de cada um, mas eu acho que vem o desgaste porque o casal acaba levando os problemas do trabalho para casa e de casa para o trabalho. Eu acho mais difícil gerir uma relação com duas pessoas trabalhando juntas do que não”, comenta.
Casada há dez anos com o português Paulo Bandeira, Thaís não tem os mesmos problemas que Célia. O marido da atriz não é ator, mas ainda assim nem tudo são flores. Eles precisam administrar um casamento à distância. “O Paulo veio comigo para o Brasil, abriu um negócio, mas não deu certo. Então, ele teve que voltar para Portugal. Como ele trabalha em uma companhia aérea, a gente se vê a cada 15 dias. Não é a melhor situação, adoraria estar com ele ao meu lado todos os dias, mas a gente tem que ser feliz da maneira que dá”, conforma-se a mãe de Clara, de sua primeira união, e de Carolina, fruto do casamento atual.
A internet é uma das ferramentas que o casal utiliza para, de certa forma, estar sempre perto um do outro. “Nos falamos várias vezes por dia através do Skype e do WhatsApp. A gente quebra a distância com a ajuda da tecnologia”, explica.
Com os pés fincados novamente no Brasil, Thaís, que é sobrinha do diretor Wolf Maya, não pensa mais em voltar a morar em Portugal. “Fui muito bem acolhida lá, mas agora o meu lugar é aqui.”