Por roberta.campos
Suzana Pires interpreta a manicure Janete de ‘A Regra do JogoMárcio Mercante / Agência O Dia

Rio - Cutilar, cortar, lixar e esmaltar não estavam entre as habilidades de Suzana Pires, 39 anos, quando ela fez o teste para dar vida à manicure Janete, de ‘A Regra do Jogo’. Mas ao ser aprovada para fazer a novela das 21h, a atriz correu atrás do prejuízo. Durante dois meses, frequentou um salão de beleza em Curicica, próximo ao Projac, para conhecer a profissão de perto e, principalmente, as mulheres que saem cedo de casa todos os dias para embelezar as mãos dos clientes.

“Não sabia fazer a minha unha e ainda faço mal (risos). É um trabalho minucioso”, diz a atriz, que, a convite do DIA, posou em uma esmalteria. “Só que quando a gente está aberto para o personagem, as coisas mais difíceis vão se tornando possíveis. Mas o que eu precisava mesmo era conhecer o coração das manicures. Ouvi muitas histórias de batalha, de não deixar a peteca cair. A Janete é a brasileira de hoje por excelência, aquela que bota comida em casa e é empreendedora de si mesma. Para ela, não tem tempo ruim”, emenda.

O tempo só fechou para a manicure da trama de João Emanuel Carneiro quando ela descobriu que o marido, Vavá (Marcello Novaes), tinha uma amante, Mel (Fernanda Souza), há dois anos. Essa verdadeira tempestade de emoções culminou em uma separação, ainda que relativa. “Se sair daquela casa, a Janete vai para onde? Lá no apartamento do sogro (Feliciano/Marcos Caruso), ela não paga aluguel e mora na Zona Sul. A parte financeira é um ponto, o Vavá é outro. A Janete é uma mulher que ama demais”, observa.

Mas será que Suzana também já errou na dose em matéria de amor? “A gente está sempre amando e passa por isso na vida. A mulher que não passa por isso tem algum probleminha”, diverte-se a atriz. Da tão temida traição, também é difícil escapar. “Toda mulher passa pela traição também, claro! O cafajeste está aí, não tem como correr dele. Os cafajestes são os mais charmosos. Mas a gente fica mais alerta após a traição. Passar por uma coisa chata faz parte do crescimento. Senão, você vai ficar uma bobona a vida inteira, acreditando na carochinha. Para você chegar em uma relação mais interessante, é preciso conhecer os cafajestes”, acredita.

Sem dúvida, o Vavá, de ‘A Regra do Jogo’, é um deles. “Só não acredito que ele represente a maioria dos homens. O triângulo da novela é clássico: o cara de meia-idade que quer uma menina mais nova. Quando Janete se tocou que a amante era mais nova, ela disse: ‘Perdi’”, recorda. A constatação da manicure deixou Janete no chão, mas o mesmo não aconteceria com a sua intérprete.

“Se fosse trocada por uma mais nova, a minha autoestima ia ficar melhor ainda. A minha tese é arrojada (risos). Lido com a vida acreditando que não existe fundo do poço, o que existe é mola no fundo do poço. Esse tipo de situação é o impulso para a gente se cuidar mais, fazer uma nova trajetória. Eu consigo enxergar onde a Janete errou. Ela esqueceu de si mesma por amar demais. Isso é tão comum entre nós, mulheres. Não importa se é rica, pobre, nova, velha, bonita, feia, gorda, magra. Mulheres, às vezes, se esquecem delas mesmas. Mas é preciso ser vigilante. Porque quando a gente se esquece da gente, deixa de ser interessante para o outro”, analisa.

Suzana não seria, por exemplo, capaz de sustentar um homem como o Vavá. “O problema não é o dinheiro e, sim, a falta de admiração. O Vavá não trabalha, não tem garra. No caso de uma necessidade do homem, se ele perdeu o emprego, OK segurar as pontas por um tempo. Ganhar cem vezes mais do que o homem também não é um problema”, afirma ela.

Com Marcello Novaes e Fernanda Souza na trama das 21hJoão Miguel Júnior / TV Globo


Nem passar despercebida nas ruas pelo público masculino. “Fora do ar, eu sou mais assediada do que quando estou na TV. Parece que, se não estou fazendo novela, o homem me vê mais gente como a gente, aí se aproxima, fala de um trabalho que eu fiz. Aliás, adoro gente que sei que deu um Google em mim. Eu dou Google direto quando estou interessada em alguém”, diverte-se, complementando. “Mas eu prefiro as pessoas que já conheço. Não tenho preguiça de conhecer alguém novo, não trabalho com preguiça (risos), mas, para entrar na minha intimidade, é um pouco difícil. Trabalho com proteção”, explica.

A proteção se estende a fazer um esforço para guardar a sete chaves a quantas anda a sua vida amorosa. “Estou solteira, mas não sozinha. Ainda não bateu aquela vontade de casar, ter filhos, mas vamos ver. A vida é dinâmica. A gente dorme e pode acordar querendo ter três filhos. Eu me dou a liberdade do movimento e de correr atrás dos meus desejos”. 


De repente 40

Quando junho de 2016 chegar, Suzana completará 40 anos. Crise à vista? “De jeito nenhum. A aproximação dos 40 não é um problema, ao contrário. Depois dos 40 é que vem a autoralidade da própria vida. Era muito mais tensa com 20, não sabia onde a minha carreira ia dar. Hoje, meio que sei para onde eu vou. Estou achando incrível, me curtindo”, diz. Nem as marcas do tempo a preocupam. “Não faço nada invasivo, só tratamentos com laser para ativar a produção de colágeno. Não estou a fim de ficar com o rosto paralisado. Adoro dizer a idade que eu tenho”.



Agradecimento:
Esmalteria Nacional Downtown (3439-5714)

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