Por tiago.frederico
Domingos Montagner dará vida ao o delegado EspinosaDivulgação / Patrícia Fotografia

Rio - Um mês antes de dar adeus ao velejador Miguel, da novela ‘Sete Vidas’, Domingos Montagner já sabia qual seria seu próximo protagonista este ano: o delegado Espinosa, herói dos livros do escritor carioca Luiz Alfredo Garcia-Roza, que ganhou versão para TV. O ator paulista, de 53 anos, dará rosto ao personagem que os fãs de literatura policial só podiam imaginar, mas agora poderão conferir na série ‘Romance Policial — Espinosa’, que estreia dia 15, às 22h30, no GNT.

“É um papel que nunca fiz, com uma narrativa policial, que eu adoro. Dar vida a um personagem que existe na cabeça das pessoas mas nunca foi visto, pra mim, era um desafio interessante. Por isso, aceitei o convite”, diz Domingos, durante um intervalo de gravação que O DIA acompanhou com exclusividade.

Com oito episódios e direção geral de José Henrique Fonseca, a trama é inspirada no quarto livro de Garcia-Roza, ‘Uma Janela em Copacabana’ (2001), no qual Espinosa investiga o assassinato em série de policiais no bairro da Zona Sul. Rigoroso e incorruptível, o delegado cria um grupo especial para capturar o assassino. “Não conhecia o livro. Eu o li antes do roteiro, que ficou fiel ao espírito e à linha narrativa do autor. Estou adorando fazer”, conta o ator. “Espinosa é cativante, passa a imagem de uma polícia que é pouco retratada no país. É um policial que adora a profissão, correto e ético pra caramba.”

Uma das locações da série é uma antiga faculdade no Méier. O interior do prédio ganhou ares de delegacia. É por ali que Domingos, sob a direção de Vicente Amorim, grava algumas cenas com Chandelly Braz, a policial Andressa, uma das integrantes da equipe de Espinosa — os outros são o detetive Welber (Luciano Quirino), braço-direito do delegado, e Otávio (Paulo Verlings), especializado em tecnologia.

Ator contracena com Chandelly Braz%2C que faz a policial Andressa%2C integrante da equipe de Espinosa%3B abaixo%2C ele retoca a maquiagemDivulgação / Patrícia Fotografia

“O grupo que ele cria se parece com o estilo dele, íntegro e honesto. Sua autoridade é natural. Ele sabe também que existem os policiais corruptos, mas tem a delegacia sob controle”, detalha o ator. A ‘banda podre’ da polícia é representada na série por Vicente (Roberto Bataglin), um detetive corrupto e truculento.

Os momentos de relaxamento do delegado são nos braços da namorada, Luana (Bianca Comparato), que é dona de uma galeteria onde os policiais se reúnem. “Não é uma relação formalizada. O que os une talvez seja o amor e o prazer de estarem juntos. Mas ele não mora com ela, não tem essa ambição (de casar)”, adianta.

Para Domingos, Espinosa é um retrato possível do policial. Morador de Copacabana, o delegado é do tipo que anda pelas ruas do bairro, gosta de livros e ouve disco de vinil. “Ele tem um lado da personalidade mais contemplativo, o que faz com que seja muito especial”, define.

Ator paulista%2C de 53 anos%2C dará rosto ao personagem que os fãs de literatura policial só podiam imaginarDivulgação / Patrícia Fotografia

Diferentemente de outras séries policiais, a produção tem uma narrativa mais clássica, de suspense. “Ela se aproxima muito da literatura e do cinema noir. É mais investigativa. A violência não está em primeiro plano. Às vezes, acontece, e a gente nem vê. Nem todos os assassinatos são mostrados”, conta o ator.

Mesmo assim, Domingos tem algumas cenas de ação, entre elas, a perseguição de um suspeito de moto — veículo pelo qual o ator é apaixonado. “Pedi ao diretor para fazer a cena e dispensei o dublê”, revela ele, que já havia caído no mar a 3 graus na Patagônia e mergulhado em Fernando de Noronha em ‘Sete Vidas’. “Se posso e tenho condições físicas, eu faço. Quando há muito risco, deixo para o dublê”.

O delegado Espinosa investiga uma onda de assassinatos de policiais em Copacabana%3A 'A série se aproxima muito da literatura e do cinema noir'%2C diz o ator Divulgação / Patrícia Fotografia

Para conhecer mais do universo policial, o ator visitou a Cidade da Polícia, espaço que abriga várias delegacias especializadas no Jacarezinho, subúrbio do Rio, e fez preparação com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). “Recebemos treinamento em relação à abordagem, manipulação das armas. Tivemos encontros com delegados, o que nos ajudou a conhecer o ambiente e a relação deles com os comandados”, diz.

O ator, que teve um tio policial civil, admite que a instituição não tem uma boa imagem junto ao público. Mas alerta: “É errado generalizar, vivemos no país uma situação de descrédito nas instituições que é muito perigoso. Acredito na polícia e quero que ela melhore e trabalhe pra gente”.

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