Por bianca.lobianco

Rio - A rotina da sala de audiência da Vara da Família, com dramas, conflitos, partilhas e decepções, será a essência da série ‘Segredos de Justiça’, de cinco episódios, que estreia hoje no ‘Fantástico’, da Globo. Protagonizada por Gloria Pires, a produção é baseada no livro ‘A Vida Não é Justa’, em que a juíza e escritora Andréa Pachá narra casos acumulados por 15 anos.

Gloria Pires interpretará uma juíza na série 'Segredos de Justiça'Divulgação

“Fui ao fórum, acompanhei a Andréa, assisti a muitas entrevistas que ela deu e realmente fiquei encantada com a maneira dela de ser, é uma coisa que todo mundo fica pensando: ‘Mas gente, ela é a juíza?’ Ela é tão gente como a gente. É muito distante dessa imagem da juíza, dessa coisa preconcebida”, conta a atriz.

A Globo está tão empolgada com o projeto, que já assinalou o interesse na segunda temporada. “A ideia era da série sempre ir para o ‘Fantástico’, queremos entregar um material legal. Mas não sei se ele vai segurar a nossa onda durante muitos anos, porque tem nitidamente uma vocação para ser algo maior”, destaca o diretor artístico Rafael Dragaud.

Ao longo de cinco domingos, o público terá a chance de se dividir em relação aos dois lados da balança e descobrir qual a decisão mais sensata escolhida pela juíza. Como quando um homem assume a paternidade do filho de uma amiga, mas o pai biológico aparece querendo ter o nome da certidão do menino; ou duas viúvas que lutam para ter o benefício da aposentadoria de um bígamo; o pai que se nega a conhecer a filhinha de 10 anos; dois adolescentes são obrigados por suas famílias a se casarem porque a garota engravidou, mas não é esse o plano do casal; e a mulher que reivindica a guarda dos filhos depois que passou por uma depressão e deixou os filhos sujos e, durante dois anos, só os viu quatro vezes.

“Acho que a sala de audiência, um tribunal, é um palco de grandes tramas, atraente o assunto, como a vida é louca, como as coisas se desenham, é naturalmente um palco de muitas emoções”, salienta Gloria.

De todas as tramas gravadas, duas emocionaram mais a protagonista: a da menininha que quer conhecer o pai e ele não, e a dos pais, um de criação e o outro biológico, que disputam a guarda de um menino. “Acho que todas as histórias foram bem escolhidas, elas têm um tempero especial e gostei dessa salada que foi feita. É instigante e dá vontade de saber mais”.

Um dos atrativos de ‘Segredos de Justiça’ está no formato da série. Ela é uma espécie de falso docudrama. Além de atores conhecidos do público vivendo os personagens da história — como Natalia Lage, Marcello Melo Jr., Tonico Pereira, Heloísa Périssé, Nelson Freitas, Fabio Lago, Felipe Camargo, Juliana Alves, Julia Faria e Gisele Fróes, entre outros —, a produção mostra no final atores desconhecidos dando depoimentos, como se fossem eles os verdadeiros personagens da história exibida.

O  telespectador menos atento pode até pensar que se tratam dos protagonistas da trama, mas, se prestar bem a atenção, notará que os ótimos intérpretes possuem tempo dramático e um bom roteiro. “A gente tem vontade de apresentar coisas novas. Não dá para só ousar no cinema, ou em outros horários. Pega o ‘Fantástico’, coloca algo com outra narrativa, grande elenco e uma grande atriz. Sim, temos vontade de avançar na linguagem”, defende Dragaud.

Para a juíza Andréa Pachá, a apreensão que tinha no começo, quando soube que seu livro seria adaptado para a TV, deu lugar à satisfação com o resultado final da produção. “Ah, meu Deus, e se fizerem algo maniqueísta? Nada disso aconteceu. Pela primeira vez, temos um olhar tão realista sobre o judiciário. A imagem que se tem da Justiça é bem diferente da realidade. A gente que trabalha no judiciário se ressente porque o juiz é visto como um ser autoritário, que fala grosso, que dá martelada. Eu convivo com colegas do Brasil inteiro e sei que não é essa a realidade do cotidiano da magistratura”, acredita Andréa.

Segundo o diretor artístico, Dragaud, uma das razões para a Globo apostar alto na produção é o fato de que o público está cada vez mais interessado em assuntos que envolvem política. “Vivemos muitos processos de amadurecimento que são dolorosos, mas muito bem-vindos. A instância política, as decisões, de onde elas vêm, quem é e quem decide, o Supremo Tribunal Federal, tudo isso está se tornando parte do cotidiano das pessoas e é natural que elas queiram saber mais sobre isso. Não é o objetivo da série ser didática em relação aos processos. A série pretende emocionar as pessoas, quer entreter, educar quando der, e jamais deseduca”, frisa.

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