Por cadu.bruno
Havana - Cuba amanheceu este sábado sob um clima de tristeza pela morte da maior liderança política do país e, talvez, um dos maiores líderes mundiais dos últimos anos, Fidel Castro. A morte de Fidel foi anunciada na televisão estatal cubana pelo irmão dele, o presidente de Cuba, Raul Castro, que decretou luto oficial de nove dias no país. O governo cubano anunciou que o funeral de Fidel será no dia 4 de dezembro, no cemitério Santa Efigência, na cidade de Santiago de Cuba, onde chegarão após percorrer a ilha por quatro dias, de quarta-feira a sábado, partindo de Havana.
Ex-líder de Cuba%2C Fidel Castro ao lado de Nelson MandelaArquivo / Efe

Ao anunciar a morte de Fidel, Raul Castro afirmou: “Com profunda dor, compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da América e do mundo, que hoje faleceu o comandante e chefe da revolução cubana Fidel Castro Ruz. Em cumprimento a vontade expressa do companheiro Fidel seu corpo será cremado. Até a vitória. Sempre”.

"Durante a vigência do luto nacional cessarão as atividades e os espetáculos públicos, ondeará o pavilhão nacional a meio o mastro nos prédios públicos e estabelecimentos militares", segundo o texto difundido pela imprensa estatal.
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A peregrinação de aproximadamente 1.000 km acontecerá no sentido inverso ao feito por Fidel na "Caravana da Liberdade" em 1959 de Santiago de Cuba, após proclamar o triunfo de sua revolução, informou a comissão organizadora dos funerais.

Fidel Castro é, mesmo tempo, adorado por muitos cubanos e também odiado por outros tantos que se exilaram principalmente nos Estados Unidos para fugir do regime socialista implantado durante a revolução cubana, liderada pelos irmãos Castro. Milhares de cubanos que moram principalmente em Miami, nos Estados Unidos, a morte de Castro. Eles saíram às ruas.

Está previsto um grande ato de despedida nesta terça-feira na Praça da Revolução de Havana, coração político da ilha, onde serão expostas as cinzas do pai da revolução cubana na segunda e na na terça-feira.
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Outro grande ato acontecerá no sábado na Praza Antonio Maceo, de Santiago de Cuba, a 960 km da capital cubana e considerada o berço da revolução.
O governo informou que a revista militar prevista para o dia 2 de dezembro, pelo 60 aniversário do desembarque do Granma e dia das Forças Armadas Revolucionárias, será postergada para 2 de janeiro de 2017.

Regime socialista começou em 1959

As histórias da revolução cubana e de Fidel Castro, que morreu aos 90 anos, misturam-se em Cuba. Em 1959, Fidel e um grupo de revolucionários - incluindo Raúl Castro, seu irmão, e Che Guevara - instauraram o regime socialista na ilha. Em 2008, por estar com o estado de saúde abalado, Fidel se afastou definitivamente da Presidência da República de Cuba, passando o cargo a seu irmão Raúl.

Em 1959, Fidel e um grupo de revolucionários - incluindo Raúl Castro, seu irmão, e Che Guevara - instauraram o regime socialista na ilhaEfe

Mas, manteve-se no comando do Partido Comunista de Cuba. Além de prestar orientações ao governo do irmão, continuou sendo a maior liderança do país.

Oficialmente, não houve justificativas para o afastamento de Fidel do poder e sua substituição por Raúl. Mas informações não oficiais confirmavam que o estado de saúde do líder era frágil, agravado por um câncer no intestino.

Ao longo de quase meio século no comando de Cuba, Fidel consolidou a imagem de força, resistência e crítica aos Estados Unidos, caracterizado por ele como “império capitalista”.

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Nos anos de 2000, durante reunião de chefes de Estado das Américas, no Rio de Janeiro, Fidel desapareceu no exato momento da foto oficial, na qual também estava prevista a participação de George W. Bush – ex-presidente dos Estados Unidos. Ao ser perguntado sobre as razões de não estar presente na fotografia, Fidel foi preciso na resposta: “Estava no banheiro e me demorei lavando as mãos”. Em seguida, soltou uma gargalhada.
Embargo dos EUA dificultou vida dos cubanos 
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A população cubana vive situação delicada. Desde o fim da União Soviética (1991), o país passou a enfrentar dificuldades econômicas agravadas pelo embargo imposto pelos Estados Unidos (1962).
A maior parte da economia cubana é sustentada por cidadãos do país que vivem no exterior e enviam dinheiro para parentes. A situação econômica em Cuba é difícil devido às dificuldades para importação de bens básicos de consumo.
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A comunidade internacional não poupa de críticas os irmãos Castro. Para parte dos líderes internacionais, o regime cubano é fechado, autoritário e com sinais de transgressão à democracia e de violação aos direitos humanos. Uma das críticas é em relação à liberdade política e de expressão. Os adversários dos Castro dizem que são perseguidos politicamente.
O governo de Fidel foi responsável por montar um imenso aparato estatal em Cuba. Para implementar a reforma agrária foi criado o Instituto Nacional de Reforma Agrária. O fim do analfabetismo no país foi obtido por uma campanha maciça envolvendo os chefes de família e de forma impositiva. Para estimular a cultura, foram criadas instituições, como a Imprensa Nacional de Cuba e o Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográfica.
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Fidel com JK e Jânio
A relação de Fidel com o Brasil foi registrada ao longo da história com encontros com os ex-presidentes Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. As relações entre os governos do Brasil e de Cuba melhoraram muito com a assunção ao poder dos governos petistas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Foram firmados vários acordos em diversas áreas, inclusive com vinda de médicos cubanos para integrar o Programa Mais Médicos.
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As relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, que eram das piores, começaram a ser reatadas há poucos anos. Com a interferência do papa Francisco, os presidentes Barack Obama e Raul Castro se falaram depois de 55 anos de relações rompidas.
Em dezembro de 2014, os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba foram à televisão anunciar que iriam restabelecer as relações diplomáticas que estavam rompidas há mais de 55 anos. Hoje, os dois países mantêm relações diplomáticas.