Por raphael.perucci

Rio - Principal fonte de empregos de Nova Friburgo, a indústria têxtil representa hoje 47% da economia local e foi fundamental para a reconstrução do município após a tragédia causada pelas chuvas em 2011. Dois anos depois, o sucesso da Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima (Fevest), que aconteceu entre os dias 4 e 6 na cidade, mostra que Friburgo conseguiu superar as dificuldades e já se consolidou como a capital da moda íntima no país.

O prefeito Rogério Cabral conta que há mais de 20 mil pessoas empregadas em confecções, além dos trabalhos indiretos que o setor gera, como as sacoleiras, por exemplo: “Se não fosse o setor têxtil, principalmente as confecções de moda íntima, Friburgo não sobreviveria ao desemprego”.

Feira de Moda Íntima%2C Praia%2C Fitness e Matéria-Prima teve desfiles com as principais tendências para primavera/verãoDivulgação

Nos três dias, a Fevest faturou R$ 45 milhões em negócios, R$ 5 milhões a mais que na edição do ano passado. Para o ano que vem, a feira já está 100% vendida. Presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest), Marcelo Porto comemora: “A feira tem crescido expressivamente. Em 2010 a gente não tinha nem 20 empresários. Este ano tivemos 102 expositores”.

Em 2011, logo após a tragédia, a Firjan solicitou ao BNDES a destinação de recursos para empresários prejudicados. No total, foram liberados R$ 583 milhões, para 4.740 empresários da Região Serrana, sendo 4.654 micro ou pequenas empresas.

Na abertura da Fevest, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio, anunciou que o BNDES deu aval para refinanciamento dos empréstimos. Proprietária da confecção Tardene, Rita Tardin comemorou a decisão. “Muitas empresas ressurgiram por causa do financiamento”, diz.

Além do mercado brasileiro, na feira os empresários tiveram contato com compradores de outros países. Segundo o presidente do Sindvest, a pauta de importação da Turquia, por exemplo, inclui produtos brasileiros do setor de moda íntima feminina.

O prefeito ressalta que para o desenvolvimento da cidade é importante que os empresários se formalizem, para aumentar a arrecadação. Além disso, empresas formalizadas têm direito a vantagens, como condições especiais de crédito. O turismo também se beneficiou, com mais de 90% dos hotéis lotados e o aumento do movimento nos restaurantes.

CORES
Na passarela e nos estandes da Fevest as cores estavam presentes tanto nas lingeries quanto nas roupas de ginástica e moda praia. O destaque foi para os tons vibrantes, como vermelho, rosa pink, laranja, verde esmeralda e azul royal.

LINGERIE APARENTE
Os sutiãs bralets croopeds são a tendência para o verão, pois podem ser usados com blusas transparentes e mais decotadas. Esse modelo é maior e funciona como um top, feito para aparecer e fazer parte do visual. As anáguas também voltaram, coloridas e rendadas, para dar charme a saias e vestidos leves.

MODA ÍNTIMA MASCULINA
As peças íntimas masculinas ganharam mais espaço na feira deste ano, com novas opções de tecidos, modelagens e estampas. O destaque foi para as cuecas estampadas por grafiteiros e os modelos com bojo na frente e atrás.

MODA FITNESS
Roupas de ginástica deixaram de ser básicas e ganharam o status de moda esportiva. As peças têm novas modelagens, recortes geométricos e cores vibrantes. Destaque para os tecidos com fibra de bambu, mais resistentes, e a costura jacquard, evitando a transparência quando a malha é esticada.

Toda a cidade aderiu ao tema da lingerie e até um ponto de ônibus foi customizado com materiais de costuraDivulgação



Tecnologia e a urgência de capacitação

Um dos principais destaques da feira foram os tecidos tecnológicos, que ajudam a reduzir a celulite, minimizam o impacto das atividades físicas na musculatura, melhoram a circulação e protegem a pele dos raios do Sol. Combinada a um design moderno, essa tecnologia está presente principalmente nas roupas de ginástica.

“A moda fitness evoluiu muito. Saiu do básico. É um pouco mais caro, mas a relação custo-benefício compensa”, conta Ronaldo Barbosa, proprietário da Nitrato NO3. A confecção trabalha com fibras especiais e vende principalmente para as regiões Norte, Nordeste e Sul do país.
Para Márcia Felga, gerente comercial da confecção CCM, que também trabalha com moda esportiva, o mercado interno é responsável pela maior parte do consumo. “Temos alguns compradores internacionais, mas os principais são mesmo os brasileiros”, explica ela.

O problema é que com o aumento da qualidade dos produtos há uma exigência maior por mão de obra qualificada. “Cada tecido precisa de uma agulha específica, tem métodos ideais de costura. Hoje em dia, meu maior problema é em encontrar mão de obra, por isso contrato primeiro e ofereço treinamento depois”, diz Ronaldo.

Gestora de projetos do Sebrae, Carolyne Gomes explica que capacitação é fundamental. “Os empresários e trabalhadores devem estar preparados para o crescimento do setor”.

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