Rio - Mesmo ainda muito recente no Brasil, o mercado de moda plus size — com tamanhos acima do 46 — cresce a cada ano e ganha espaço cada vez maior nas confecções de lingerie. Representando hoje 3% do faturamento anual da indústria brasileira de vestuário, segundo dados da associação nacional do setor, o segmento voltado para as mulheres mais cheinhas teve faturamento de R$ 1 bilhão no ano passado.
Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), conta que por se tratar de um ramo novo, os números representam apenas a moda feminina. “Já existem confecções que produzem peças maiores para homens e até crianças, mas ainda não temos os percentuais, pois é um fato novo. Além disso, antigamente esse tipo de roupa era feita em casa, por costureiras. Chegou na indústria recentemente”, avalia Chadad.
Na 24ª edição da Feira Brasileira de Moda Íntima, Praia, Fitness e Matéria-Prima (Fevest), que ocorre nos dias 3, 4 e 5 de agosto no Country Club de Nova Friburgo, as coleções de roupas íntimas em tamanhos maiores terão destaque pela primeira vez no evento. Na entrada da feira, onde tradicionalmente são exibidas as peças das confecções, haverá também manequins plus size.
Presidente da Comissão de Feiras e Eventos do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Nova Friburgo (Sindvest), Rita Tardene também tem uma confecção que produz lingeries até o tamanho 50. “Percebemos a necessidade de expandir a coleção sensual fashion para tamanhos maiores e tivemos uma procura muito grande. Lançamos essa linha especial há dois anos e já tivemos um crescimento de 30% em 2013”, afirma.
Segundo ela, não basta aumentar os tamanhos para atender a esse público. “A maior parte das mulheres com esse perfil ainda é muito tímida na hora de comprar, tem vergonha do corpo. Por isso, procuramos fazer peças que valorizem os seios e as pernas e, se possível, cubram a barriga”, diz.
Responsável pelo setor de vendas da confecção Leluc, Glaucia Marques afirma que a primeira coleção plus size da empresa será lançada este ano. “Existe uma procura muito grande e antes não conseguíamos atender a esse público. Como as opções para as mulheres eram restritas, investimos em novas estampas e cores, saindo do bege e do preto”, explica.
A grife 2 Rios Moda Íntima também viu uma oportunidade para expandir os negócios. Em 2008, lançou a primeira peça básica plus size. No ano seguinte, a marca já tinha uma coleção completa.
Já a empresa paranaense de moda íntima de luxo Prima Notte buscou profissionais especializados para desenvolver a linha plus size com design especial.
“O mercado não só absorveu esta novidade com avidez, como nos obrigou a aumentar em 30% a nossa programação de produção para atender à demanda. Nas próximas coleções vamos aumentar o número de peças e estilos”, comemora Juliane Costacurta, diretora da grife.
Lojas também investem em novo nicho
Grandes redes de varejo também criaram linhas com tamanhos especiais para atender a esse mercado em expansão. A C&A, por exemplo, lançou em 2012 a coleção Special For You, que tem como garota propaganda a cantora Preta Gil. Em maio deste ano, a marca inovou ao criar coleção de lingeries do tamanho 46 ao 52 e estampas variadas, do floral ao animal print.
A Marisa também apostou em uma linha de tamanhos especiais, que vão do 48 ao 54. Entre as peças, a consumidora encontra calças, camisas sociais, vestidos e leggings. Na Renner, a linha plus size chega ao tamanho 52, inclui de peças básicas e as mais sociais.
Já a Riachuelo começou a trabalhar com modelagens do 48 ao 54 e investe nas principais tendências da moda para atrair esse público. As coleções incluem peças com estampas étnicas, navy e florais, como saias e blusas.
A Leader, por sua vez, possui a linha T-plus, que veste mulheres que usam tamanhos 46 a 56. Os looks vão do básico a ocasiões especiais, com cortes ajustados e tendências da moda.