Por bferreira

Rio - Os benefícios e as garantias que um cargo público oferece fazem com que muitas pessoas abram mão de suas residências e familiares e busquem oportunidades em outros estados. Especialistas em concursos públicos garantem que essa manobra é muito comum e desafiadora entre candidatos. Os órgãos que mais atraem esse perfil são os tribunais, magistratura federal e procuradorias estaduais e municipais.

Debora Silva é orientada por Marcelo Marques sobre os concursosDivulgação

Marcelo Marques, diretor do Concurso Virtual, acredita que, para o candidato que mora no Rio de Janeiro, há muitos motivos que o estimula a buscar vagas em outros estados como, por exemplo, as melhores relações candidato-vaga. “Em função de seu passado histórico, como ex-capital do Brasil, o Rio tem grande relevância, assim como o Distrito Federal”, esclarece Marques.

Em regiões como o Sul e Nordeste, habitualmente, cursinhos preparatórios fretam conduções para levar seus alunos às outras cidades para participarem de exames, comenta Marques. Ele passou boa parte de sua carreira viajando pelo Brasil dando aulas em cursinhos preparatórios. “Hoje já tenho conhecimento de caravanas sendo formadas pelos próprios alunos”, comenta o diretor do Concurso Virtual.

DE OLHO NAS VAGAS

Debora de Lima Silva, 28, é concurseira e está sempre em busca de editais para os tribunais: “Estudo há um ano e meio e viajo em busca de concursos para os tribunais estaduais e regionais”.

O candidato José Daniel de Lacerda, 27, já viveu a experiência de viajar para participar de um concurso. Assim que sai o edital, Lacerda já confirma as reservas que pesquisou com antecedência. “Prefiro locais de grande movimentação e normalmente divido com algum outro candidato”, comenta Lacerda. Ele diz que nunca teve dificuldades em dividir quarto nessas circunstâncias e inclusive acha importante manter a interatividade com outros candidatos. “Trocamos dicas construtivas sobre outros concursos”, explica. Lacerda já foi aprovado no TRT da Bahia.

Deborah Cal, especialista em concursos, trabalha individualmente cada candidato e concorda que a prática é muito comum. A preparadora diz que muitos alunos a procuram com dúvidas sobre como se preparar para uma prova em outra cidade ou sobre como organizar as mudanças. Confira mais dicas abaixo.

Orientações

Quem pensa em viajar para prestar concurso deve tomar cuidado para não cometer erros capazes de eliminar o candidato da disputa. Debora Cal, especialista para concursos, mostra como se preparar.

SAIBA A HORA CERTA
Toda viagem exige um investimento, que normalmente não é pouco. Portanto, faça uma análise crítica de seus estudos, e tenha consciência de que está pronto para ser avaliado. Elimine a ideia de que “está jogando dinheiro fora” caso reprove, e não esqueça o lado emocional, que é a base de todo o investimento.

LOCALIZAÇÃO
Sem saber o local de prova, definir o melhor lugar para se hospedar é um problema para a maior parte dos candidatos. Portanto, procure hospedar-se próximo ao centro e às áreas de maior movimentação de transportes públicos. Hoje, em grupos de redes sociais, é comum encontrar concurseiros dispostos a ajudar com dicas de localidades tranquilas e perigosas.

HOSPEDAGEM
Para escolher o local onde ficará hospedado, o candidato não precisa ficar refém do edital. Antecipe a pesquisa e no dia da publicação efetue as reservas de hotel e transporte. Em concursos muito concorridos os hotéis com melhores preços e localizações esgotam rapidamente, acredite.

ALBERGUES
Não é recomendável, mas muitas pessoas já utilizaram os serviços e encontraram outros concurseiros na mesma situação. Se não puder evitar, procurar ao menos, quartos individuais para que tenha uma boa noite de sono. Há quartos compartilhados por até 12 pessoas.

TRANSPORTE
Lembre que as provas acontecem aos domingos onde o serviço de transporte é reduzido, logo, ao saber o local de prova, busque as opções e alternativas de locomoção.

Reportagem de Paola Lucas


Cláudia Jones: “O candidato se torna um concurseiro viajante”

O mercado de concursos, mesmo com a crise instalada no país, tem um movimento constante. São editais sendo publicados quase todos os dias.

O candidato, geralmente, começa seus estudos pela onda da grande repercussão em cima de um concurso de grande porte, como os federais, por exemplo. No entanto, quando esse candidato amadurece um pouco mais, ele acaba vislumbrando oportunidades em outras áreas que são tão atraentes quanto e, por muitas vezes, oferecem maior número de vagas. Até porque, em um primeiro momento, grande parte dos candidatos olha para este lado (o número de vagas ou a movimentação em torno de grande quantitativo de chamados), como os casos da Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica, IBGE, Correios, que muitas vezes, oferecem um número reduzido de vagas imediatas, mas com grande oportunidade para o cadastro de reserva.

A área fiscal oferece oportunidades em todas as cidades e estados do Brasil e com uma remuneração muito desejável, é claro que o candidato toma isso como projeto de vida e passa a projetar sua vida fora da cidade onde vive. Da mesma forma os tribunais também deslocam candidatos. Muitos focam sua preparação em torno dos Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) que, frequentemente abrem oportunidades em todo o país. Só em 2015 foram 10 concursos para estes órgãos.

O candidato pode encontrar tantas oportunidades fora de sua cidade, que acaba se tornando um “concurseiro viajante”. Sem contar os nacionais.

Quando o concurso se torna um projeto de vida, barreiras são rompidas e os estudos não param. Sendo assim, desejo boa sorte a todos.

Cláudia Jones é jornalista do site Questões de Concursos

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