Por nicolas.satriano
Rio - No último dia útil de 2014, o Bradesco emitiu cheque administrativo de R$ 500 milhões para Arianna Azevedo Costa Bachmann, filha de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras que aceitou acordo para detalhar o esquema de corrupção na estatal.
Segunda passada, 27 dias depois da emissão do cheque, o banco recorreu à Justiça para sustá-lo e recuperá-lo. As medidas foram autorizadas pelo juiz Luiz Felipe Negrão, da 3ª Vara Cível da Barra. O Bradesco alegou que houve um erro: o cheque deveria ser de R$ 500 mil.
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Dinheiro garantido
Ao entregar o cheque administrativo, o banco assegurou a existência de meio bilhão de reais na conta de Arianna. O documento saiu em nome dela, mas, se endossado, o valor poderia ter sido transferido para outra pessoa. Segundo o Bradesco, no mesmo dia 30 de dezembro foi emitido um outro cheque administrativo a pedido de Arianna, este, no valor de R$ 150 mil.
Recusa de Arianna
No processo, o Bradesco diz que recorreu à Justiça porque a cliente se recusara a substituir o cheque. Na documentação entregue à Justiça, a instituição afirma também que, para preservar o sigilo bancário, apagou os dados de outros clientes que constavam do livro de ordens de emissão de cheques administrativos.O banco ainda pediu, e não conseguiu, que a ação tramitasse em sigilo.
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Entrega formal
Advogado de Arianna, João Mestieri negou que ela tenha se recusado a entregar o cheque, fruto, segundo ele, de um “erro crasso” do Bradesco. Ao notar o erro, afirmou, sua cliente procurou o banco, que sugeriu que a devolução fosse feita de maneira informal. Mestieri disse que ela não aceitou a proposta e exigiu que a troca ocorresse de forma documentada. Depois, foi surpreendida pelo recurso à Justiça. O cheque foi devolvido nesta quinta-feira.

Delação das filhas
Também na última segunda, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo caso Petrobras, determinou que o Ministério Público fornecesse detalhes do acordo de delação premiada assinado com as duas filhas de Costa — Arianna e Shanni — e os maridos delas, Humberto Sampaio Mesquita e Márcio Lewkowicz. Os quatro teriam movimentado, no Brasil e no exterior, recursos obtidos graças ao esquema de corrupção montado na estatal.
Ocultação de provas
As filhas e os genros foram denunciados pelo Ministério Público Federal por terem retirado documentos do escritório de Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.
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Cerveró e Bradesco
Na terça passada, Edson Ribeiro, advogado de Nestor Cerveró (outro ex-diretor da Petrobras denunciado por corrupção), anunciou que seu cliente iria processar o Bradesco. Isto porque o banco, em 2011, cometera um erro ao informar ao Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que seu cliente sacara R$ 200 mil, em espécie, de uma usina de etanol.
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