Por tiago.frederico
O pescador Wanderson Jesus Martins%2C 23%2C que tinha assinado a carteira de trabalho no último dia 4 como carregador%2C foi morto nesta terça em operação da polícia na IlhaPaulo Araújo / Agência O Dia

Rio - Parentes de Wanderson Jesus Martins, de 23 anos, voltaram a acusar, nesta quarta-feira, os policiais que participaram da ação no Morro do Dendê, nesta terça-feira, de terem assassinado o pescador e o menor de idade, Gilson Costa, de 12 anos, durante uma operação da Polícia Civil em favelas da Ilha do Governador, que tinha o objetivo de apreender máquinas caça-níquel e cumprir mandados de busca e apreensão.

Os corpos dos dois estão sendo velados nesta manhã no Cemitério do Cacuia, no mesmo bairro, e serão enterrados, no início da tarde.

"Minha mãe está melhor agora, já chorou, se conformou, a ficha caiu. A namorada dele está em estado de choque. O filho do Wanderson, de 4 anos, já sabe que o pai morreu. Ele está com um vizinho nosso", contou um parente do pescador. Ao DIA, o familiar relatou relatou como foram mortos o adolescente e o homem.

"Eles eram amigos e estavam nessa padaria que funciona no quintal de uma casa. O Wanderson tinha ido comprar pão para o seu filho ir para a escola. Quando o helicóptero da polícia começou a atirar, eles se esconderam dentro de um banheiro na padaria, com medo. Os policiais, que estavam a pé, mandaram eles saírem de dentro da padaria. Assim que o Wanderson saiu, os policiais atiraram contra ele. Eles deram um tiro primeiro na perna e depois na barriga", relatou.

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De acordo com o familiar, o menor, que estava no chão do banheiro, viu o Wanderson ser morto pelos policiais. "Eles deram três tiros para dentro do banheiro. Um pegou na cabeça, outro atingiu o peito e o terceiro foi no braço da criança", disse. Ainda segundo o familiar, após atirarem nos dois moradores do Dendê, os policiais espalharam próximo aos corpos drogas que estavam em uma mochila que havia sido apreendida com traficantes.

Helicóptero sobrevoa o Morro do Dendê%2C na Ilha do GovernadorWhatsApp O DIA

De acordo com a Polícia Civil, as armas dos policiais envolvidos na ação foram apreendias para perícia. No local onde ocorreram as duas mortes, já foi realizada perícia e a Delegacia de Homicídios da Capital (DH) instaurou inquérito para apurar as circunstâncias do caso. Testemunhas e familiares de Gilson e Wanderson prestaram depoimento na tarde desta terça-feira.

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