Se você acha que herói poderoso vem de outro planeta e que vilões só atacam Nova York, está enganado. A Baixada também é cenário de disputas entre o bem o mal. E, para salvar os moradores, nada de Batman ou Incrível Hulk. Os que entram em cena são Detrito, Não Tão Super, Vulto, Grafiteira e Homem da Capa Preta, personagens dos quadrinhos da Capa Comics, de Duque de Caxias.
Criados em setembro de 2013 por 22 artistas, os quadrinhos tiveram quatro edições. Eles misturam estilos como mangá (japonês), europeu, comics (americano) e cartoon (desenho humorístico).
E, ainda este ano, outra novidade: os leitores poderão baixar em seus celulares um jogo que conta a história de um dos mais amados: o Não tão Super. O personagem veio do futuro e, sem memória, tenta se encaixar no cotidiano dos humanos.
E descobre uma conspiração para acabar com a Terra. “O nosso diferencial é a vertente humorística nas tramas, que se passam no quintal de nossas casas. O objetivo é também resgatar a memória do lugar, que não é bastante valorizada”, diz João Carpalhau, fundador do coletivo.
Outra novidade da Capa vai ser o lançamento do desenho animado ‘A vingança do Detrito’, no fim do ano. Segundo Carpalhau, o desenho terá as vozes de dois dubladores famosos, mas não revelou os nomes.
O filme contará a história do Detrito, um professor de História, que, morto por milicianos e jogado num rio, foi contaminado por lixo radioativo. “Com a exposição ao material, ele se tornou um monstro de dejetos e lixo”, conta João Carpalhau.
No desenho, explica ele, Detrito expõe suas emoções e sua reação ao ter que abrir mão do que mais ama, a família e o trabalho, por causa da nova condição. “Seu perfil de vilão ou mocinho, ainda indefinido, será revelado”.
Em um dos quadrinhos, Detrito salva uma mulher de uma enchente, e ela deixa de vê-lo tão feio como aparenta.
Segundo Carpalhau, as quatro revistas impressas foram pagas com recursos próprios e ajuda de amigos. Elas custam R$ 3, e o montante arrecado foi revertido para continuidade do projeto. A revista não tem periodicidade definida por falta de patrocinadores.
Iniciar as tramas nas revistas e continuá-las na internet (capacomics.com) foi a forma encontrada para driblar as dificuldades. Para entender a história do Não Tão Super, por exemplo, é preciso terminar o jogo e partir para os quadrinhos, porque a história continua lá. “Acho interessante para o leitor que não tem o hábito de usar uma das mídias (impresso ou jogo)”, diz Cristiano Ludgerio, outro fundador do Capa.
Os superpoderos
Outra personagem, Vulto, é perecida com The Flash. Ela foi picada por um mosquito e todas as vezes que sua supervelocidade é ativada, envelhece. Já a Grafiteira é responsável por portais tridimensionais em Nova Iguaçu. O Homem da Capa Preta descobriu que seu pai fazia práticas estranhas noturnas na antiga casa que herdou.
Reportagem Marcelle Bappersi