'Sabia que ela estava morta, mas não naquele estado', desabafa mãe de Thifany
Thifany Nascimento de Almeida, 11 anos, encontrada dentro de uma mala de viagem, na comunidade do Amarelinho, em Irajá
Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Amparada por familiares e sob efeito de calmantes, a mãe da menina Thifany Nascimento de Almeida, de 11 anos, que foi encontrada morta dentro de uma mala, em Acari, na Zona Norte do Rio, esteve no Instituto Médico Legal, ontem de manhã, para fazer o reconhecimento da filha, mas foi impedida pelos agentes devido ao avançado estado de decomposição do corpo. Ainda fragilizada emocionalmente devido a brutalidade do crime, Rosangela Ferreira do Nascimento, de 46 anos, admitiu que desde o desaparecimento, no último domingo, não tinha mais esperanças de encontrar a filha com vida. "Sabia que ela estava morta, mas não imaginava que encontraria ela naquele estado, desfigurado", desabafou.
Os peritos confirmaram, através da impressão digital, que o corpo encontrado na mala é de Thifany, e realizaram uma perícia para descobrir se a criança foi violentada. O enterro da jovem está previsto para ocorrer hoje, no cemitério de Irajá. Apontado como o autor do crime, Sandro Luiz Alves Portilho, de 42 anos, foi preso por agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), na terça-feira.
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Segundo a investigação, ele abordou a menina na porta de casa e prometeu dar um cachorro da raça Rotweillers de presente, caso ela subisse na moto e fosse até a casa dele buscar. A mãe da menina confirmou que a criança amava animais e isso teria feito com que ela aceitasse a oferta. "Era uma menina muito estudiosa, ia do curso para casa, frequentava a igreja com a família e não ficava na rua até tarde. Ela já tinha sido orientada a não falar com desconhecidos, mas quis pegar o cachorro para presentear o irmão. Ela foi muito trabalhada por ele (Sandro)", lamentou. Além de Thifany, Rosangela é mão de outros cinco filhos.
O corpo da jovem foi encontrado na noite de terça-feira, na beira de um valão, na localidade conhecida como Fim do Mundo. Segundo um tio da vítima, crianças brincavam perto do local quando perceberam uma mala suspeita e chamaram adultos que, ao abrir equipamento, encontraram corpo de Thifany despido e com marcas de sangue. O irmão da menina foi chamado e reconheceu a vítima pela cor do cabelo. Como a jovem foi deixada em um local de difícil acesso, antes mesmo da chegada dos peritos, familiares enrolaram a mala com uma lona azul e carregaram o corpo da criança até uma rua que fica às margens da Avenida Brasil.
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- Devido ao acúmulo de lixo, se demorássemos um pouco mais, os porcos encontrariam a mala e comeriam os restos mortais da minha sobrinha" comentou o eletricista Denilson Braz dos Santos, de 50 anos, tio paterno da menina. Ele contou ainda que o pai da criança, Lerivaldo de Almeida, ficou traumatizado com o crime e mesmo à base de medicamentos, não consegue sair de casa.
Quando soube que o corpo da menina havia sido encontrado, o suspeito tentou fugir da Cidade da Polícia, onde está detido. Segundo a Polícia Civil, Sandro quebrou uma vidraça e entrou em luta corporal com um agente para tentar sacar a sua arma e só foi contido após ser atingido por três disparos. Ele está internado no Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, com quadro de saúde estável. "Se ele (Sandro) conseguisse fugir, como iria ficar a nossa família?", questionou Braz.
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Após vasculhar a casa onde o crime foi cometido, os investigadores encontraram documentos pessoais e descobriram que Sandro Luiz Alves Portilho, de 42 anos de idade, se apresentou com nome falso na delegacia e estava foragido da Justiça de Minas Gerais, desde 2012, pelo crime de homicídio qualificado. No local, os policiais encontraram, ainda, quatro cachorros que foram encaminhados para uma ONG de proteção animal e a motocicleta utilizada no dia do sequestro da criança. A moto consta no sistema da polícia como roubada.
Os agentes também descobriram que Sandro realizava, duas vezes por semana, depósitos em dinheiro para organização criminosa que comanda o tráfico de drogas na comunidade de Acari. Além da morte e ocultação de cadáver de Thifany, o acusado vai responder pelos crimes de receptação, falsidade ideológica e associação ao tráfico.
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Estudiosa e amor por cães
A família de Thifany tem vários cachorros em casa e isso teria motivado a aproximação de Sandro, que fez amizade com o pai da menina.
O suspeito então ofereceu um cão da raça Rotweillers à criança. O amor por animais teria feito com que ela aceitasse a oferta de ir buscar o cão na casa de Sandro.
"Ela era muito estudiosa, ia do curso para casa, frequentava a igreja com a família e não ficava na rua. Tinha sido orientada a não falar com desconhecidos e não aceitar dinheiro. Ela foi muito trabalhada por ele (Sandro)", disse a mãe.
Suspeito já tinha condenação por homicídio e estava foragido
?Sandro foi condenado por homicídio qualificado em Juiz de Fora, Minas Gerais, e estava foragido desde 2012. Durantes as buscas em sua casa, nesta terça-feira, a polícia encontrou a moto usada para levar a menina e, após checagem, foi constatado que era roubada.
Durante a investigação, a Polícia Civil também descobriu que Sandro realizava, duas vezes por semana, depósitos em dinheiro para o tráfico de drogas que atua na comunidade.
Além de responder pelo crime de Thifany, Sandro também vai responder pelos crimes de receptação, falsidade ideológica, associação ao tráfico e resistência, por tentar fugir da Cidade da Polícia.
De acordo com a delegada Elen Souto, titular da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), foi instaurado um procedimento para apurar as lesões corporais provenientes de intervenção policial.
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A Corregedoria da Polícia Civil foi acionada e uma equipe esteve no local em diligências. Sandro será ouvido novamente após receber alta do hospital, onde está internado por conta dos ferimentos à bala.