Rio - No dia 24 de abril, um policial do batalhão de Olaria fraturou o nariz após parte do fuzil que utilizava ter estourado em seu rosto durante abordagem. No dia 15, na Cidade de Deus, durante um tiroteio, o fuzil de outro militar parou de funcionar. A falta de armas e de manutenção adequada foi relatada por promotores ao Conselho Nacional do Ministério Público.
Em vistorias feitas em maio, constatou-se que dos 39 batalhões responsáveis pela segurança no estado, só 12 possuíam equipamentos “adequados e suficientes para ações de policiamento ostensivo e enfrentamento”. Os dados foram obtidos com exclusividade pelo DIA e é tema da quarta reportagem da série ‘Rio Sem Polícia’.
Na Zona Sul, todos os batalhões tiveram aprovados pelo Ministério Público o número de armas, munições, e armamento menos letal. Já na Zona Norte, somente as unidades do Méier, Tijuca, Rocha Miranda, Ilha, Maré e Irajá.
Na Zona Oeste, os de Jacarepaguá e de Campo Grande tiveram seu arsenal considerado adequado. Na Região Serrana, somente o de Teresópolis. Em todos os batalhões da Baixada e do restante do estado foram apontados problemas como: falta de fuzis e de armamento considerado com menor potencial de letalidade, além de munições vencidas.
Em Niterói as armas foram consideradas “antigas e a manutenção é realizada somente em Sulacap (distante 40 km)”. Em Olaria, além de armas defasadas, foi descrito que há falhas no fuzil modelo M-16. Para São Gonçalo, foi avaliado que “a unidade necessitava de cerca de 30 fuzis.
Outros 45 fuzis estavam apreendidos pela Polícia Civil devido a investigações em curso”. Em relação a Duque de Caxias, o relatório diz que “a unidade não possui armamento nem munição suficiente para cobrir toda a área, bem como guarnecer todo o efetivo”.
Unidades como Rocha Miranda, Campos e São João de Meriti possuíam somente cassetetes como armas de menor potencial ofensivo, em desacordo com a lei 13.060, que pede prioridadepara o uso desse armamento. Procurada, a Polícia Militar afirmou que iria analisar o relatório para depois se manifestar.
O promotor Paulo Roberto Mello, da Auditoria Militar, avaliou a situação como preocupante.
“Quanto menos equipamentos, menor o leque de opções do policial no desempenho de suas funções. Sobretudo no caso dos chamados armamentos menos letais, a possibilidade de intervenção policial de forma menos danosa fica muito restrita. Já no caso do armamento letal, as possibilidades da atuação ostensiva e preventiva de forma segura para o policial ficam prejudicadas”, disse.