Por thiago.antunes

Rio - Valia tudo para policiais corruptos que foram lotados no 7º BPM receberem propina. A associação criminosa era feita até mesmo com bandidos matadores de seus colegas de farda. A informação faz parte da investigação que culminou com expedição de mandados de prisão de 96 PMs e 70 traficantes na Operação Calabar, deflagrada quinta-feira.

Schumaker Antonácio do Rosário, apontado nas investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo como um dos chefes do tráfico do Jardim Catarina é acusado de matar com 20 tiros o soldado David Lopes Athanásio, em junho de 2014.

Cabisbaixo%2C policial conduz preso durante a Operação Calabar%2C deflagrada na última quinta-feiraMauro Pimentel / AFP

Apesar disso, Schumaker contribuía com R$ 44 mil, por semana, para a quadrilha de PMs que atuava nos Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de Jardim Catarina, Santa Luzia, Grupos de Ações Táticas (GAT’s) que são oito e integrantes do Serviço Reservado (P-2).

“De 80% a 90% dos homicídios que investigamos na delegacia passam pelo tráfico. Essas lideranças criminosas nas comunidades tiveram participação na morte de alguns PMs. Infelizmente, estes marginais tinham apoio dos maus policiais, que não realizavam as prisões e vendiam armas ou drogas para os bandidos”, explicou o delegado Marcus Amin.

O apoio financeiro de Shumaker ao bando foi revelado pelo único delator do esquema, que foi contratado exclusivamente pelos militares para recolher a propina dos criminosos. “Mantinha contato telefônico com Schumaker e o acerto referente ao ‘arrego’ era feito através de ‘soldados’, moradores e viciados.

O valor acertado das favelas Pica-Pau e Baixadinha era de aproximadamente R$ 44 mil”, afirmou o colaborador. Como O DIA publicou quinta-feira ele confirmou ainda em depoimento que “não tinha como ninguém dizer que não sabia da propina”, referindo-se à unidade. Ele rejeitou até proposta para ‘servir’ aos PMs do 12º BPM (Niterói), no mesmo esquema de recolhimento de propina, por falta de tempo. 

O advogado Marcos Espínola, que representa 12 PMs que tiveram prisão preventiva decretada, afirmou que, apesar de respeitar a decisão e reconhecer a importância da Operação Calabar, há necessidade de apuração. Segundo ele, o grande número de réus pode fazer com que várias pessoas sejam presas somente por trabalharem no mesmo batalhão. “É preciso separar o joio do trigo. Alguns podem, por exemplo, estar apenas na mesma escala de serviço, mas sem envolvimento”, disse.

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