Por gabriela.mattos

Rio - O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) informou, nesta sexta-feira, que vai abrir uma sindicância para apurar a morte de uma criança na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Engenho Novo. O caso foi divulgado pelo DIA nesta quinta-feira. Matheus Guedes, de dois anos, foi atendido no local, mas não resistiu.

Mãe do menino, Polyanna Guedes, de 21 anos, diz que os médicos não souberam explicar o motivo da morte do filho e que recebeu três diagnósticos diferentes. Ela lembra que Matheus ficou resfriado e com moleza no corpo há umas três semanas.

Matheus morreu após chegar na UPA. Segundo a família%2C médicos não disseram a causa da morteReprodução Facebook

Por isso, Polyanna resolveu levá-lo em uma Clínica da Família no mesmo bairro, onde os médicos afirmaram que ele estava com bronquiolite e receitaram nebulização, além de quatro dias de antibiótico. "Mas o remédio não fez efeito nenhum. Meu filho tinha ainda com uma tosse seca", destaca.

Polyanna conta que levou o menino novamente na clínica na semana passada. Segundo ela, os médicos disseram para continuar com a nebulização e indicaram o uso de um xarope para aliviar a tosse. "Mas ontem [esta segunda-feira] ele continuava muito cansado, não queria levantar e nem fazer nada", reforça a mãe, que levou o filho na UPA na manhã desta quarta-feira.

De acordo com a jovem, a médica da UPA explicou que Matheus não poderia ter tido bronquiolite por causa da idade — a doença atinge crianças até dois anos. Polyanna afirma que a profissional o diagnosticou com asma e pediu para o menino fazer três nebulizações de meia em meia hora. Depois, ele teria que tomar uma medicação na veia.

Certidão de óbito de Matheus não mostra a causa da morteDivulgação

"O remédio ajudaria 'abrir' os brônquios. Quando acabou o procedimento, me disseram para ir à sala de observação, onde ele faria mais nebulização. Lá, a médica avaliaria a situação novamente. Mas, quando cheguei na sala, ele já estava revirando os olhos", explica a mãe. "Os médicos tentaram reanimá-lo, mas eu vi que ele já estava sem os movimentos. E eu vi que meu filho tinha morrido", completa.

Polyanna comenta ainda que, depois da morte da criança, os médicos fizeram um raio-x. "Foi apenas nesse momento que fizeram o raio-x. Não tinham feito exames antes. Depois do resultado, a médica disse que uma pneumonia tomou conta do pulmão dele. Mas quem me garante que ele já não estava assim antes?", acrescenta a mãe.

Na certidão de óbito, não há o motivo da morte, apenas que está na "dependência da oitiva da médica". A ocorrência foi registrada na 25ª DP (Engenho Novo). Segundo a Polícia Civil, os profissionais de saúde envolvidos no caso, a mãe da vítima e testemunhas já foram ouvidos. O laudo pericial ainda não ficou pronto.

Ao DIA, a coordenação da UPA confirmou que Matheus deu entrada no local nesta quarta-feira, passou por atendimento e faleceu no fim da manhã. A coordenação também disse que aguarda a conclusão do laudo com as causas da morte. Em nota, a gerência da Clínica da Família Izabel dos Santos informou que lamenta a morte do bebê.

Confira o documento na íntegra:

"A gerência da Clínica da Família Izabel dos Santos, no Engenho Novo, lamenta o falecimento do menino Matheus Guedes, que era paciente acompanhado na unidade.

No prontuário da criança ­– que tinha histórico de asma – consta atendimento no dia 22 de junho, devido a um quadro viral, com esforço respiratório e sem relato de febre. Na ocasião, foi prescrita a medicação indicada para o quadro.

Doze dias depois, em 5 de julho, Matheus foi levado à unidade apresentando sintomas condizentes com resfriado – tosse e coriza – e sem apresentar dificuldade respiratória ou febre, sendo prescrita a medicação indicada para o quadro. Entre aquela data e o dia 12 de julho, quando foi internado na UPA do Engenho Novo, não consta registro de retorno ou relato à clínica por agravamento do quadro.

A gerência da unidade está à disposição das autoridades policiais para colaborar com o esclarecimento do caso, que será avaliado também pela Comissão de Óbitos da Coordenação de Área da Secretaria Municipal de Saúde, como estabelece o protocolo."

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