Rio - Em uma semana, seis denúncias de ataque a centros de umbanda e candomblé foram registradas em Nova Iguaçu pela Secretaria Estadual de Direitos Humanos. Uma delas aconteceu na madrugada de terça-feira, no Centro Espírita Unidos pela Fé, em Austin. Portas foram arrombadas, pratos e louças quebrados e imagens e atabaques roubados.
Na 58ª DP (Posse), o caso foi registrado como furto. A mãe Cintia de Ayra, proprietária do Unidos pela Fé, quer que o crime seja chamado de intolerância religiosa. “Porque foi intolerância. Roubaram o meu sagrado.”
Perto dali, a casa Hunkpame Gu Warulejí foi invadida na noite de segunda-feira. Cinco assentamentos de orixás — que valem R$ 1 mil cada — e roupas de santo — com valor total de R$ 10 mil — desapareceram. A câmera de segurança de um vizinho captou o momento em que quatro pessoas, vestidas de branco, chegaram em dois carros — um Fiat Uno prata com adesivo de uma operadora e um Fiat Palio escuro — e levaram as obras. O caso foi registrado na 58ª DP.
O dirigente espiritual da casa, doté William de Souza, acredita que haja uma quadrilha na região. “É nossa liberdade de fé que está sendo afrontada”, disse Souza.
Para o secretário estadual de Direitos Humanos, Átila Nunes, o cenário preocupante se deve, em parte, ao grande número de casas de umbanda e candomblé em Nova Iguaçu (253) e ao clima de intolerância na cidade, onde na semana anterior uma idosa candomblecista foi apedrejada. “Pode existir um grupo de fundamentalistas que está direcionando esse ataques.”
No dia 17 de setembro, representantes de diversas religiões vão se unir na Praia de Copacabana para a 10ª Caminhada em defesa da liberdade religiosa.