Sob chuva, fiéis contrários às obras Matriz de São Sebastião deram
Sob chuva, fiéis contrários às obras Matriz de São Sebastião deram "abraço simbólico" ao redor da igrejaFrancisco Edson Alves / Agência O Dia
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Fiéis da Paróquia de São Sebastião, no Centro de Barra Mansa, contrários às obras já iniciadas no altar da igreja, para instalação de novo painel sacro, deram um abraço simbólico na manhã deste sábado no templo. Mesmo sob chuva, eles também deram prosseguimento à coleta de assinaturas, num abaixo-assinado que será encaminhado ao Papa Francisco.

"Não concordamos que uma decisão tomada por meia dúzia de pessoas, valha para milhares de fiéis. O abraço simbólico em frente à igreja manifestou essa nossa indignação. Esperamos mais transparência e bom senso por parte dos representantes da Cúria e da paróquia", afirmou Anderson Henrique, um dos paroquianos revoltados.

Debaixo de uma tenda, devotos de São Sebastião voltaram a fazer filas para o abaixo-assinado. "Diante da intransigência da cúpula católica regional, pediremos socorro ao Papa", argumentou Amélia Eulália Cruz. Em pouco mais de cinco horas, em dois dias, pelo menos mil assinaturas já foram coletadas.

Na porta da matriz, aviso informa que neste domingo às missas serão realizadas na igreja, mesmo com parte do altar já destruído, conforme o DIA mostrou com exclusividade. "Ninguém da igreja fala claramente o que está havendo. Dizem que vão colocar um tapete vermelho sobre os escombros. Lamentável tudo isso", comentou Miguel Salles Silva.

Nas redes sociais, as críticas são crescentes às obras iniciadas no altar da igreja (de 18559), pelo bispo da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, o italiano dom Francisco Biasin, e pelo pároco croata, Milan Knezovic.

Na sexta-feira, os dois estiveram reunidos com representantes do Conselho Municipal de Cultura. A prefeitura não embargou as obras,. Através de uma nota confusa, informou ter instituído comissão para dar parecer em 15 dias, apos entrega do novo projeto pela Cúria. Até o momento, a Diocese ainda não respondeu questionamentos que o Dia vem fazendo desde terça-feira.

A matriz é tombada como Patrimônio Histórico Municipal. Na quarta-feira, o DIA constatou que os serviços estavam momentaneamente parados, mas a parte da frente do altar já foi demolida. Os representantes da cúpula da Igreja Católica regional, teriam afirmado na reunião desta quinta-feira, que a intenção é “readequar o altar” à lei de acessibilidade, mas admitindo que um novo painel poderá ser instalado à frente do atual, de milenar arte árabe-portuguesa, em azulejos vitrificados, datado de meados do século passado.

A suposta intenção de se colocar um outro painel à frente do atual, com distância de um metro e meio do atual, que poderia ser visitado por um corredor, também é amplamente criticado nas redes sociais.

Conforme o DIA vem divulgando com exclusividade, as obras serão questionadas pelo Ministério Público Estadual (MPRJ), através dos Direitos Difusos e Coletivos à Proteção de Patrimônios. "São intervenções absolutamente desnecessárias, pois o painel atual é lindo e está intacto. Deveriam ajudar os pobres com cestas básicas ao invés de inventarem moda", desabafou Nilton José da Silva, 64 anos, que assinou o abaixo-assinado.

"A paróquia cometeu infração ao ignorar a lei de tombamento (4.492/2015)", afirma o advogado Ricardo Maciel. O bispo e o pároco são acusados por fiéis e até alguns padres verbitas, de "implicar com o desenho do antigo painel", supostamente por atribuírem a ele, "inspiração maçônica".

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