O imponente painel do século passado: demolição polêmica - Reprodução Facebook/Matriz de S.Sebastião
O imponente painel do século passado: demolição polêmicaReprodução Facebook/Matriz de S.Sebastião
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - A intenção da cúpula da Igreja Católica do Sul Fluminense de substituir o painel sacro de meados de século passado, em milenar arte árabe-portuguesa, de azulejos vitrificados, do altar da Igreja Matriz de São Sebastião (de 1859), em Barra Mansa, ganhou novos contornos de discórdia. Mais um padre, Renê de Oliveira, fez duras críticas à ideia.

Hoje, fiéis se articularão para marcar vigília permanente e um abraço à matriz, na tentativa de impedir a derrubada do painel (de cerca de 30mx20m). A igreja está fechada e, segundo funcionários, a divisória do altar já foi derrubada.

"No início dos anos 2000, com apoio do padre Norberto Priwitz, reformamos o painel", lembrou, num grupo de orações, Renê, que hoje atua em Laranjeiras, no Rio. "A intervenção atual é desprezo ou falta de compreensão das tradições religiosas e culturais", desabafou.

A Prefeitura de Barra Mansa emitiu nota, informando que o pároco Milan Knezovic foi convidado pelo presidente da Fundação Municipal de Cultura, Marcelo Bravo, a prestar esclarecimentos na sexta-feira pela manhã, no Palácio Barão de Guapy.

"Padre Milan já tinha sido orientado quanto à legislação no dia 11", garante o texto. Pela Lei 4.492/2015 (do então vereador Marcelo Cabeleireiro, eleito deputado estadual pelo DC), que tombou a matriz como Patrimônio Municipal Histórico e Cultural, qualquer intervenção "deve passar pelo Conselho de Cultura".

"Se a lei não for cumprida, abrirá perigosos precedentes", avalia Marcelo. "Se não houver respeito às suas relíquias, o município jamais terá memória cultural", lamenta o historiador Edghard Felício.

Outro padre, Nilton Gonçalves, também fez críticas. "O pároco atual tem a psicótica ideia de que o painel é de inspiração maçônica", postou Nilton. "Ninguém perguntou aos fiéis o que acham da horrenda reforma", alegou o advogado Ricardo Maciel.

Em nota, a Diocese, sem responder ao DIA detalhes questionados ao bispo Francisco Biasin, sobre o novo projeto e custos, informou que "acompanha o caso pelo setor de Patrimônio Histórico e Elementos Artísticos, e que se reunirá com os responsáveis pelo projeto".

Nesta terça-feira, Milan informou a um grupo de paroquianos pelo WhatsApp, que o painel pode até ser preservado, mas que o outro, em "conceito mais moderno", poderá ser erguido à sua frente, com passarela de 1,50m para quem quiser ver o antigo, nos fundos. "Estão subestimando nossa inteligência", esbravejou uma devota.

 

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