Maria de Moura está com 87 anos de idade e foi resgatada em 2022Reprodução/TV Globo

Ontem (10), familiares de Maria de Moura, resgatada em condição análoga à escravidão em 2022, fizeram denúncias em uma reportagem trasmitida pelo Fantástico, na TV Globo. Segundo os sobrinhos da idosa de 87 anos, ela era escravizada e ficava em desespero para voltar nas raras vezes - uma ou duas ao ano - em que podia deixar a casa dos patrões, Yonne Mattos Maia e André Luiz Mattos Maia Neumann. Os dois, que são mãe e filho, viraram réus Justiça na semana passada e são acusados de trabalho análogo à escravidão, coação e apropriação de cartão magnético de idoso. A defesa alega que Maria fazia parte da família.
A promotora Juliane Mombelli, do Ministério Público do Trabalho, destacou que Maria dormia em um sofá aos pés de Yonne, para atendê-la a qualquer momento. “O que chama muito atenção são as fotos, uma ao lado da outra, dos locais onde as duas mulheres da casa dormiam. Não havia um lençol, uma coberta, um travesseiro", disse a promotora, ressaltando que este é o mais longevo caso de trabalho análogo à escravidão no país.  "(é o caso) em que a pessoa permaneceu mais tempo nessa situação análoga à escravidão, 72 anos. Infelizmente é uma vida toda nessa condição”, disse a promotora.
Maria de Moura, que estava com a saúde debilitada quando foi resgatada, começou a trabalhar com a família aos 12 anos de idade. O pai de Yonne era o então proprietário da fazenda onde Maria viveria por mais de sete décadas.