São Paulo - A decisão do governo de encaminhar proposta de reforma da Previdência, mesmo sem consenso nas discussões do fórum que discutirá o assunto, desagradou aos sindicalistas que vão participar de reunião marcada para quarta-feira.
Às vésperas do encontro do Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e de Previdência Social, o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, anunciou nesta terça-feira que em 60 dias será enviada proposta ao Congresso, independente de acordo entre integrantes do grupo de discussões. O anúncio foi feito após reunião da presidente Dilma Rousseff com líderes da base na Câmara. Os sindicalistas criticaram e questionaram a validade do fórum.
“A postura do governo prejudica as discussões. Se vai mandar a proposta de qualquer maneira, por que criou o fórum para debater. Nós estávamos acreditando na intenção de negociar. Essa decisão muda o cenário”, reclamou o presidente da Confederação Brasileira de Aposentados (Cobap), Warley Martins.
João Batista Inocentini, presidente licenciado do Sindicato Nacional dos Aposentados, ligado à Força Sindical, advertiu: “Isso (o anúncio do envio da proposta) é péssimo. Vai atrapalhar as negociações no fórum. É uma forma de o governo nos pressionar. E não vamos aceitar pressão”.
A reforma tem sido tratada como assunto primordial para o governo. Entre as propostas que estariam em estudo, estão a criação de idade mínima para aposentadorias do INSS, que ficaria em 65 anos, a unificação das regras de concessão do benefício para mulheres e homens, entre outras.
Para Martins, a Previdência não precisa de reformas, mas sim, segundo ele, de “mais fiscalização sobre quem deve o INSS”. “O governo deveria cobrar quem deve à Previdência. O rombo é de R$ 375 bilhões. Vou questionar isso na reunião de amanhã (hoje)”, afirmou o presidente da Cobap, ressaltando que considera difícil aprovar qualquer alteração este ano devido às eleições municipais.
Inocentini desafiou o governo a enviar propostas ao Congresso. “Se vai mandar mesmo sem consenso, então manda. Vamos ‘brigar’ no Congresso”, disse o sindicalista, que se reuniu com o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto. Segundo ele, o ministro afirmou que o governo quer fazer uma reforma para o futuro e sem tirar direitos.