Por adriano.araujo

Rio - Criado há oito meses, o FaceGloria, uma rede social para evangélicos, onde palavrões, fotos pornográficas, e imagens ligadas ao mundo gay são terminantemente proibidos, virou febre entre internautas e se expandindo mundo afora. Iniciada por Acir Filó dos Santos, de 43 anos, prefeito de Ferraz de Vasconcelos (SP) pelo PSDB (afastado), a invenção nasceu com investimento de R$ 40 mil e média de 50 mil seguidores. Hoje, a novidade conta com mais de 200 mil usuários cadastrados em 53 países, e se prepara para lançar, nos próximos dias, aplicativo grátis para celulares.

A meta de Acir, que administra o FaceGloria com auxílio de jovens que dizem ser cristãos, incluindo católicos, é ambiciosa: chegar a dez milhões de perfis até o final do ano. “Optamos por criar uma rede simples e limpa, sem palavras de baixo calão, sem ofensas visuais, que une famílias num ambiente sadio para debates. É o segredo”, diz Acir. Ele trava uma intensa batalha judicial nos bastidores com o todo poderoso mentor do Facebook, o americano Mark Zuckerberg. O empresário alega que a marca FaceGlória infringe a lei de Propriedade Industrial, além de ser uma reprodução parcial do Facebook.

A página inicial do FaceGloriaDivulgação

“Mark me persegue porque sou cristão e ele, ateu. Porque resolveu só pegar no meu pé, se existem outras dezenas de redes sociais originados com palavra face?”, argumenta Acir. Ele assume que se inspirou na rede social de maior sucesso no mundo, mas ressaltando que sua iniciativa, porém, é patenteada no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “O Facebook também imitou o Orkut”, cutuca.

No FaceGloria, em vez de curtir uma postagem, o famoso ‘like’, o internauta tecla ícone com a inscrição ‘amém’. Assuntos considerados tabus são vetados por uma equipe de 20 sensores (no começo eram 14), apelidados de “os caça beijos gays”, que também ficam de olho para apagar imediatamente ofensas contra pastores polêmicos, como Marcos Feliciano. Já um dispositivo automático impede a publicação de 600 palavrões. Na tela, o campo esquerdo é fixo, apresentando a foto do usuário e o que fez nos últimos dias. Clicando em um amigo, o internauta continua na sua página mas, no canto direito, é mostrado tudo o que o amigo, que é seguido e não adicionado, fez.

Para atrair fiéis, o FaceGloria conta com o apoio de estrelas de primeira grandeza do mundo gospel, como as cantoras Aline Barros, Bruna Karla e Soraya Moraes. Aline, por exemplo, é uma das campeãs de venda de CDs no país. “Mudem também para o FaceGloria!”, costuma recomentar em seus shows.

Acir dos Santos e a cantora Aline Barros%2C uma das referências da música gospel que apoiam o FaceGloriaDivulgação

Internauta católica aderiu à rede

Paqueras e fotos de usuários de sunga ou biquíni são liberadas no FaceGloria, desde que sejam “respeitosas”. O acesso é garantido a quem se declara cristão, bastando cadastrar um email e senha. Na página é possível seguir outros internautas, além de se ouvir música gospel.

“Sou católica, mas deletei meu Facebook para entrar no FaceGloria. Encontrei pessoas mais tranquilas, mais ordeiras, de bons papos”, diz a modelo fotográfica Liliane Evans, 35 anos. “Gosto de postar fotos sensuais, mas não vulgares. No Facebook partiam para cantadas e insultos”, justifica Liliane. Ela é frequentadora da Paróquia Nossa Senhora de Copacabana.

O engenheiro Adailton Leite, de 30 anos, da Assembléia de Deus de Madureira, diz que trocou o Facebook tradicional pelo FaceGloria para ficar longe de “imagens bizarras”. “No FaceGloria você não vê ódio político, promiscuidde, bate-bocas. Muito menos bebês pisoteados até a morte por terroristas, ou animais feridos agonizado”, completa Jane Silva, de 45 anos, da Igreja Presbiteriana de Piedade.

Próxima novidade será o FaceGloria para jovens

Além dos novos aplicativos para Android, IOS e Windows — o FaceGloria está temporariamente fora do ar para a instalação das novas tecnologias —, a administração também anuncia o FaceGloria Kids, que entrará em breve no ar.

“As regras para o acesso e navegação de crianças serão ainda mais rígidas, para evitar explorações por criminosos, como pedófilos”, adianta Acir dos Santos.

Os termos de uso do FaceGloria possuem conotação moral, mas sem tantas regras como o Facebook e Twitter, que só interceptam ações desrespeitosas dentro do site.

Entre as normas, o usuário tem que ser cristão; o FaceGloria se reserva o direito de não aceitar e/ou banir pessoas conforme termos de serviço; é proibido vincular no FaceGloria qualquer material ou conteúdo ilegal, imoral, fora do cunho evangélico, pornográfico e de qualquer natureza que venha ferir os princípios bíblicos, cristãos, leis e direitos humanos.

Propaganda da versão Kids%2C que entrará no ar nas próximas semanasDivulgação


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