Por lucas.cardoso

São Paulo - O Ministério Público de São Paulo denunciou o ex-presidente Lula por crime de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e estelionato na compra do triplex do Guarujá, no litoral paulista.  A esposa de Lula, dona Marisa, o filho mais velho do casal, Fábio, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro também foram denunciados pelo MP paulista. A promotoria protocolou a denúncia no final da tarde de quarta-feira. A peça do MP contempla mais de uma dezena de denunciados, entre eles ex-dirigentes da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop).

A Promotoria sustenta que Lula cometeu os crime de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica ao supostamente ocultar a propriedade do triplex 164-A, no Condomínio Solaris, no Guarujá — oficialmente registrado em nome da OAS.

Presidente Lula e o senador Renam Calheiros acham que condução coercitiva feita pela Lava Jato derespeitou a Constituição FederalEfe

A acusação tem base em longa investigação realizada pelos promotores Cássio Conserino e José Carlos Blat. O promotor Conserino afirma ter indícios de que houve tentativa de esconder a identidade do verdadeiro dono do triplex, o que, segundo ele, caracteriza lavagem de dinheiro.

A reforma do triplex foi contratada pela empreiteira OAS, também alvo da Operação Lava Jato, e custou R$ 777 mil, segundo o engenheiro Armando Dagre, sócio-administrador da Talento Construtora. Os trabalhos foram realizados entre abril e setembro de 2014.

Em 2006, quando se reelegeu presidente, Lula declarou à Justiça eleitoral possuir uma participação em cooperativa habitacional no valor de R$ 47 mil. A cooperativa é a Bancoop que, com graves problemas de caixa, repassou o empreendimento para a OAS.

Fachada do condomínio Solaris, no GuarujáReprodução

Lula apresentou sua defesa por escrito no inquérito da Promotoria. O petista se recusou a comparecer pessoalmente ao Ministério Público de São Paulo, na quinta-feira, 3. A audiência havia sido remarcada.

APOIO DE SENADORES

Em café da manhã com 20 senadores na residência oficial do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o ex-presidente pediu apoio dos parlamentares. “Estão querendo me incluir de todo o jeito na Lava Jato. Estão forçando a barra”, reclamou o líder petista. No encontro, o ex-presidente fez questão de destacar que não é dono do triplex no Guarujá, litoral paulista.


“Se me deixarem solto viro presidente”

O ex-presidente Lula tem feito um diagnóstico positivo sobre o impacto da ação da Operação Lava Jato, que o levou para prestar depoimento de forma coercitiva na última sexta-feira. A pessoas de sua confiança, ele tem dito que o PT e o governo mais ganharam do que perderam com o episódio.

“A partir de agora, se me prenderem, eu viro herói. Se me matarem, viro mártir. E se me deixarem solto, viro presidente de novo”, disse Lula a mais de um interlocutor. Entre os petistas, a avaliação é de que a Lava Jato causou um efeito positivo para Lula. “O episódio unificou o PT e tirou o partido da paralisia. Não há clima mais para falar em disputa internas”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

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