Rio - Virou Fla-Flu. O agravamento da crise política no país colocou a classe artística em lados opostos. Num clima de tensão, as redes sociais viraram campo de manifestações acaloradas entre torcidas, principalmente de famosos: há quem defenda o governo de Dilma Rousseff e apoie a volta de Lula, e há a turma que pede o impeachment da presidente. Em gravação para o ‘Altas Horas’ que vai ao ar dia 26 na Globo, Caetano Veloso diz que o governo de Dilma enfrenta “oposição da elite” e comparou a manifestação de domingo passado à Marcha da Família com Deus, que apoiou o golpe de 1964. “A manifestação não é suficientemente diferente da que levou ao golpe”, disse.
O ator José de Abreu postou vídeo em seu Facebook em que justificava sua participação nos atos de sexta-feira a favor de Dilma e Lula. “Eu quero que acabe a minha corrupção e a sua corrupção também. Do jeito que a coisa está acontecendo, eles não querem acabar com a corrupção, eles querem acabar com uma ideologia, acabar com um partido político e com o maior líder que este país já teve”, disse.
Na mesma gravação, o ator Tonico Pereira fez coro com Abreu e emendou: “O que querem fazer vir não é nosso futuro, não pode ser nosso futuro, porque um homem não existe sem liberdade”. Assim como Paulo Betti, a atriz Letícia Sabatella engrossou o movimento “em defesa da democracia e contra o golpe”. Ao lado de artistas como Zezé Polessa, Daniel Dantas, o humorista Gregório Duvivier e os cantores Chico César e Zelia Duncan, ela gravou um vídeo em que o grupo, que se classifica como apartidário, também cobra a imparcialidade da Justiça. “Queremos combate à corrupção, mas com democracia”.
O ator Wagner Moura opinou nas redes sociais sobre a situação política do país, se declarou a favor das investigações, mas reclamou: “Não consigo muito mais conversar com meus amigos que odeiam o PT e que acham que tudo é válido para tirar o PT do poder, como se a corrupção no Brasil morasse num partido só”.
Após a divulgação do conteúdo das conversas telefônicas de Lula, Xuxa postou uma imagem da bandeira do Brasil em sua página no Facebook e escreveu: “Como mãe eu não posso me calar... Que vergonha!”. Numa discussão com uma internauta, a apresentadora da Record acabou defendendo a Globo, sua ex-emissora. Na quinta, com o acirramento das discussões, ela pediu que deixassem os partidos de lado: “Não podemos mais nos calar, estou cansada de ser roubada, estou com vergonha”.
Diante do debate acalorado, a atriz Monica Iozzi fez um apelo: “Queridos, não usemos a nossa indignação para justificar qualquer tipo de violência, ok? Sem diálogo não há solução”. Domingo, postou um comentário sobre a manifestação contra Dilma: “Meu deus! Que momento triste vivemos. Como estamos equivocados, cegos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do JN (Jornal Nacional)”.
Queridos, não usemos a nossa indignação para justificar qualquer tipo de violência, ok? Sem diálogo não há solução.
Publicado por Monica Iozzi em Sexta, 18 de março de 2016
Meu Deus!!! Que momento triste vivemos. Como estamos equivocados, cegos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do JN...
— Monica Iozzi (@Srta_Iozzi) 13 de março de 2016
A modelo Gisele Bündchen também deixou claro o seu lado ao reproduzir no Facebook uma frase de Sérgio Moro com a hashtag #porumpaísmelhor: “A democracia em uma sociedade exige que os governos saibam o que fazem os governantes”.
Para o ator e apresentador Marcelo Tas, a manobra de Dilma ao nomear Lula como ministro é uma derrota para o país e a própria presidente, a primeira mulher a assumir o posto máximo da República. “Lula foi engolido por um ego descontrolado, arrogante e desatualizado que o levou à criação de um pacto com uma rede de criminosos que causou o aceleramento da corrupção e a anulação de grande parte das conquistas dele. É uma triste constatação. Ao invés de mudar as práticas nocivas dos políticos anteriores, Lula as expandiu e aperfeiçoou. Tudo com um único objetivo: não largar o osso”, disse Tas, em entrevista ao DIA.
Ao comentar sobre Lula e outros políticos investigados pela Operação Lava Jato, o apresentador Danilo Gentili, do SBT, brinca: “Não tenho bandido de estimação”. Mas acrescenta: “Eu acredito que o político apenas por ser político deve ouvir o povo e calar a boca e obedecer. Seja ele de qual partido for. Se esse político então estiver fazendo besteira, cometendo crimes, então além disso deve ser punido”.
Vestidos de verde e amarelo, artistas como Susana Vieira, Regina Duarte, Márcio Garcia, Luana Piovani, Juliana Paes, Marcelo Serrado e Viviane Araújo saíram às ruas há uma semana em protesto contra o governo Dilma e em apoio às investigações do juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato. “Não é a direita contra a esquerda. Não são os ricos contra os pobres. É a nação contra a corrupção!”, defendeu Susana Vieira, que carregava um cartaz com os dizeres ‘Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza’.