São Paulo - A Justiça Federal em São Paulo decretou o sequestro de R$ 13 milhões de organização criminosa que montou um sofisticado esquema paralelo e clandestino de postagens nos Correios e provocou rombo estimado em R$ 647 milhões.
O bloqueio de ativos em contas bancárias de dez investigados foi ordenado pela 5.ª Vara Criminal Federal a pedido da Polícia Federal, que deflagrou nesta sexta-feira a Operação Mala Direta. Seis funcionários concursados dos Correios - alguns ocupando cargos de coordenação -, e quatro empresários, são os principais alvos da Mala Direta.
A PF iniciou a investigação há cerca de dois anos, sob comando dos delegados Thiago Borelli Thomaz e Alberto Ferreira Neto, ambos da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários.
A Operação Mala Direta mobilizou uma centena de policiais federais que cumpriram 19 mandados de buscas, três de condução coercitiva e nove de prisão temporária - três empresários e seis funcionários dos Correios vão ficar presos pelo prazo de cinco dias, pelo menos.
Um quarto empresário está foragido. Um funcionário dos Correios foi preso na sede central do Jaguaré, zona oeste da Capital. Outro na sede da Mooca. Os outros quatro servidores foram localizados em suas casas.
A PF apreendeu R$ 100 mil em dinheiro vivo nas buscas realizadas, além de 16 veículos e quatro armas de fogo. A ação da PF foi executada na Capital e em municípios da Grande São Paulo - Ferraz de Vasconcelos, Mogi das Cruzes, Mogi Mirim e Francisco Morato.
"A informação sobre o esquema clandestino de postagens chegou à Polícia Federal por meio da Gerência de Segurança dos Correios", destacou o delegado Thiago Borelli Thomaz. "Foi possível iniciar a investigação relativa à postagem fraudulenta de encomendas postais em alguns centros de distribuição de correspondências em São Paulo e em algumas cidades da Grande São Paulo."
O delegado Alberto Ferreira Neto disse que os alvos da Mala Direta deverão ser indiciados por organização criminosa, corrupção ativa (no caso dos empresários) e corrupção passiva (no caso dos funcionários dos Correios).
"Um grupo formado por alguns funcionários dos próprios Correios inseria no sistema postal correspondências sem o devido faturamento", esclareceu Alberto Ferreira Neto. "Os próprios Correios estimam que a fraude causou prejuízo de R$ 647 milhões em um período de dois anos."
Segundo Ferreira Neto, "basicamente os funcionários cooptados por alguns empresários que atuavam como grandes clientes postavam correspondências sem o devido faturamento, através da inserção de dados falsos".
"Misturavam cargas ilícitas às cargas de procedência honesta no fluxo normal de correspondências e subfaturavam as listas", observa o delegado. "Um empresário, quando vai fazer a postagem de boletos de mala direta e de revistas, vai à sede dos Correios, no terminal de carga, e apresenta toda a encomenda com as listas de postagens. Os empresários já ajustados com os funcionários apresentavam duas ou três listas de postagens, mas apenas a subfaturada era passada a faturamento. Todo o restante da mercadoria seguia o fluxo normal, sem nenhum pagamento."