Por bferreira

Vitória - Com o fim do movimento dos policiais militares no Espírito Santo — encerrado oficialmente no sábado —, autoridades do estado e da área federal buscam os responsáveis pela articulação da paralisação. Mais de mil policiais já estão sendo processados.

Capitão Assumção%3A aliado de Bolsonaro e potencial candidato em 2018Reprodução

O secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo, Eugênio Ricas, disse que o governo estadual está investigando as publicações nas redes sociais — em especial, boatos com a intenção de aterrorizar a população — e tem indícios de que a maior parte do material publicado durante a crise não foi produzido localmente. “Está sendo feita uma análise profunda de inteligência. Ela mostra que 80% desse terrorismo digital, uma ação idêntica à Al-Qaeda, veio de fora do estado”, disse o secretário. Para ele, isso demonstra “de forma clara, um interesse político forte”.

A Polícia Federal, por sua vez, produziu um relatório, revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo, que mostra envolvimento, na comunicação e na logística do movimento, de uma rede ligada ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), na qual atuaram o ex-deputado federal Capitão Assumção e o deputado federal Carlos Manato (SD-ES).

Capitão Assumção foi um dos quatro policiais militares que tiveram a prisão decretada pela Justiça Militar do Espírito Santo, a pedido do Ministério Público Estadual, sob a acusação de incitar o movimento e de aliciar policiais com a divulgação de áudios e vídeos em redes sociais.

Assumção, no sábado, foi encontrado pela Corregedoria da Polícia Militar no 4º Batalhão da PM, em Vila Velha. Os policiais da Corregedoria da PM chegaram a detê-lo, mas ele conseguiu fugir em meio a um tumulto criado por um grupo de colegas e de mulheres de policiais que se manifestavam em frente ao quartel. Houve troca de empurrões e o ex-deputado escapou depois de receber voz de prisão.

O tenente coronel Carlos Alberto Foresti, outro dos que tiveram prisão decretada, se entregou numa unidade da Polícia Militar de Itaperuna, no Rio de Janeiro, e foi encaminhado para o presídio da Polícia Militar do Espírito Santo, em Vitória.

TERRORISMO DIGITAL

Ricas diz que a movimentação dos policiais nas redes sociais foi um episódio de “terrorismo digital”. “Fica evidente a ousadia desse grupo e o que eles são capazes”, disse, avaliando que pode ter havido crime contra as leis de Segurança Nacional e de Terrorismo.

Durante todo o período do movimento, os quatro membros do grupo trocaram informações de forma permanente. O próprio Bolsonaro publicou vídeos criticando o governo do Espírito Santo e citando o Capitão Assumção, que tem a intenção de se candidatar às eleições de 2018.

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