Por thiago.antunes

Brasília - O PDT recebeu R$ 4 milhões para apoiar a coligação da chapa Dilma-Temer em 2014. A afirmação é do ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis em depoimento prestado ao ministro do TSE Herman Benjamin na quinta-feira.

Reis disse que recursos teriam sido repassados ao tesoureiro do partido, Marcelo Panela, que foi chefe de gabinete do ministério do Trabalho, quando o titular da pasta era o presidente do PDT, Carlos Lupi.

Lupi preside o PDT, partido citado em depoimentoReprodução Internet

O pagamento teria sido em dinheiro e dividido em quatro parcelas — duas em agosto e outras duas em setembro de 2014 — no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, no Rio. Panela atuou como chefe de gabinete do presidente da legenda, Carlos Lupi, quando o dirigente comandou o ministério do Trabalho.

O PDT, em nota, negou que tenha recebido o “suposto pagamento” e lembrou que “foi o primeiro partido político que declarou oficialmente apoio à chapa de Dilma Roussef”. A convenção do partido que formalizou o apoio a Dilma se deu no dia 10 de junho de 2014. Para Lupi, que assina a nota, “isso já comprova, diante das datas apresentadas pelo delator, que o anúncio aconteceu meses antes do suposto pagamento”.

Segundo Reis, ele agiu em apoio ao ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem (empresa da Odebrecht), Alexandrino Alencar, que teria sido encarregado por Marcelo Odebrecht, presidente do Grupo, de negociar apoio de cinco legendas — além do PDT, PRB, PROS, PCdoB e PP. Cada um deles receberia R$ 7 milhões. A empreiteira teria liberado os recursos a pedido do tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, Edinho Silva. 


Mais um executivo envolve Aécio Neves

O ex-presidente da Construtora Odebrecht, Benedicto Júnior, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou ter repassado R$ 9 milhões a políticos do PSDB e do PP a pedido de Aécio Neves, então candidato à presidência, em 2014. A declaração foi feita na quinta-feira, em depoimento ao ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo Benedicto, a doação foi feita via caixa 2.

Segundo o jornal Estado de S. Paulo, Benedicto não esclareceu se negociou pessoalmente com Aécio as doações. O executivo relatou que R$ 6 milhões foram divididos entre Antonio Anastasia (PSDB) — eleito senador em 2014 —, o ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB) — candidato a governador em Minas Gerais — e Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP) — eleito deputado federal e filho do ex-diretor de Furnas Dimas Toledo. Outros R$ 3 milhões foram repassados ao marqueteiro de Aécio, Paulo Vasconcelos.

Na noite desta sexta, a assessoria jurídica do PSDB publicou nota afirmando que, “em nenhum momento o depoente (Benedicto Júnior) relatou ter recebido pedido do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, para fazer doação via 'Caixa 2'”.

A nota é assinada pelos advogados José Eduardo Rangel de Alckmin e Flavio Henrique Costa Pereira, que acompanharam o depoimento. O depoimento está, oficialmente, sob sigilo. O próprio Aécio Neves publicou um vídeo nas redes sociais negando que Benedicto tenha falado em caixa 2.

Padilha segue internado e volta ao ministério é incerta

Ainda não há previsão de alta para o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que retirou a próstata na segunda-feira, no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.Segundo assessores, ele está se sentindo bem e pretende retornar ao trabalho no dia 6, caso seja liberado, o que é muito improvável. Boletim divulgado ontem diz que Padilha, de 71 anos, “se encontra com boa evolução do quadro de saúde”.

A permanência do peemedebista no governo, no entanto, é considerada incerta. Padilha já vinha desgastado após o depoimento espontâneo do amigo e ex-assessor de Michel Temer José Yunes ao Ministério Público Federal. Yunes disse ter servido como “mula involuntária” do ministro ao receber, em 2014, um “pacote” do lobista Lúcio Funaro, investigado pela Lava Jato e ligado a Eduardo Cunha, a pedido de Padilha.

A bancada do PSOL na Câmara protocolou representação contra Padilha na Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo o líder do partido, deputado Glauber Braga (RJ), o objetivo é ampliar as investigações sobre as informações de José Yunes e do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que disse ter negociado com o munistro uma doação de R$ 10 milhões para o PMDB, durante a campanha de 2014.

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