Brasília - A decisão do presidente Michel Temer de retirar da reforma da Previdência os servidores públicos estaduais e municipais foi vista como uma demonstração de fraqueza do governo pelo líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE). "É a reforma fazendo água", afirmou, dando a entender que a proposta do governo começa a se desfazer.
Para ele, a decisão de Temer é uma tentativa de buscar apoio da base no Congresso, que claramente não está disposta a votar a reforma da maneira como foi enviada pelo governo. "Ele está querendo tirar um pouco a pressão dos deputados e jogar para os governadores. Já é uma demonstração de fraqueza", afirmou.
O petista afirmou que a exclusão de servidores municipais e estaduais ainda não foi discutida pela bancada no Senado, mas que todo alívio na reforma da Previdência será bem visto pela oposição. Apesar de ser favorável a uma revisão do modelo previdenciário, o senador julga a proposta enviada por Temer prejudicial aos trabalhadores.
Líder tucano defende: 'Facilita o debate'
Já o líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), defendeu a decisão. Para ele, a medida não é um "recuo", mas um sinal de respeito à autonomia estadual e municipal.
"Não é um recuo. A decisão é positiva. Vai facilitar o debate e a aprovação no Congresso Nacional. Além disso, cada Estado e município poderá avaliar melhor a condição que tem, levar em conta as condições sociais e econômicas, a realidade local, para propor um sistema previdenciário", defendeu Bauer.
Quanto à dificuldade que os Estados enfrentariam em realizar, cada um, individualmente, uma reforma previdenciária, o senador respondeu que nem todos precisam passar por esse processo e que os moldes seriam diferentes em cada caso. "Alguns Estados não precisam fazer nenhum processo de mudança de regras previdenciárias, porque já o fizeram. Outros Estados, mesmo que votássemos aqui, não teriam todos os seus problemas resolvidos", exemplificou.
O líder do PSDB também minimizou possíveis pressões que a reforma pode sofrer de servidores públicos federais, para também serem excluídos das novas regras.
"Os servidores federais estarão sempre sujeitos às leis federais e às decisões do Congresso. Não há como eliminar essa categoria do debate previdenciário porque não há uma outra instância para que se possa transferir o tema", afirmou.