Brasília - Enquanto a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara discutia a tramitação da denúncia contra Michel Temer, o presidente recebeu, em audiências no Palácio do Planalto, uma sequência de parlamentares, entre eles muitos que, em poucos dias, decidirão seu destino.
A agenda começou às 8h com o deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF) e só terminaria às 21h30, com o também deputado Roberto de Lucena (PV-SP). No total, 16 deputados e seis senadores foram agendados. — cada um com meia hora para apresentar seus pedidos de recursos e cargos antes da votação que vai autorizar, ou não, que o Supremo Tribunal Federal leve Michel Temer a julgamento. Para barrar o processo, o presidente precisa do voto de 172 deputados.
Enquanto isso, na Câmara, a base de apoio de Temer defendia o presidente e tentava apressar o processo, enquanto a oposição atacava e cobrava que fosse seguido o mesmo rito do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
“O procurador não conseguiu nenhuma prova concreta”, disse o vice-líder do PMDB, Carlos Marun (MS), que foi para a CCJ após achegada da denúncia ao colegiado. “Não podemos deixar a sociedade frustrada, sem que não se vá até o fim”, pregou Wadih Damous (PT-RJ).
A oposição apresentou requerimento pedindo o depoimento do presidente Temer, do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures e dos executivos da JBS Ricardo Saud e Joesley Batista, entre outros.
A tática de desqualificar Joesley foi mantida pela tropa de choque governista. Vice-líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), disse que Temer havia recebido o empresário porque ele representava 200 mil empregados e o chamou de “bandido e facínora”.
Defesa nesta quarta
A defesa de Temer deve ser apresentada nesta quarta na CCJ, bem antes do prazo final. A pressa é para tentar votar a matéria antes do recesso da Câmara, que começa no dia 17, e que mais algum “fato novo” complique a vida do presidente.
Rodrigo Janot ainda deve apresentar novas denúncias contra Temer nos próximos dias, por tentativa de obstrução à Justiça e, possivelmente, organização criminosa.
A denúncia que está na CCJ e vai depois a plenário é por suspeita de corrupção, pelo recebimento de R$ 500 mil da JBS, por meio de Loures.