São Paulo - Era para ser apenas uma brincadeira, quando o cearense José Gerardo Soares Filho, de 18 anos, estudante de enfermagem, resolveu fazer um teste de gravidez e o resultado, surpreendentemente, deu positivo. Foi em janeiro deste ano, durante uma aula.
Ao mostrar o exame em casa, Lígia Bezerra, a mãe, achou que o resultado fosse da namorada do rapaz. Mas não. A alteração hormonal, que deu um falso positivo de gravidez, era decorrente de um câncer raro: TGC (tumor de células germinativas, coriocarcinoma), localizado no mediastino (região torácica).
De acordo com estudo de pesquisadores do Hospital do Câncer A.C. Camargo, os coriocarcinomas primários de mediastino são, em sua forma pura, os mais raros tumores de células germinativas do mediastino.
Afetam homens jovens (de 15 a 35 anos de idade) e raramente mulheres. Geralmente não são muito grandes. Um dos sintomas é justamente a b-HCG sérica muito elevada - o mesmo hormônio, cuja dosagem sanguínea é amplamente utilizada como teste de gravidez.
Gerardo foi, então, submetido a sessões de quimioterapia no hospital Peter Pan, em Fortaleza. No início de junho, apesar de uma melhora clínica, os indicadores apresentados pelos exames não apontavam recuperação significativa para a cura.
Recentemente, familiares e amigos começaram uma campanha de arrecadação para que ele possa se submeter a uma cirurgia no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. O objetivo é juntar R$ 200 mil que cobririam os custos totais para o tratamento. Até esta sexta-feira, o site da campanha Todos pelo Gerardo havia contabilizado R$ 18.256,81.
A cirurgia consiste em ressecar a lesão primária, um tumor localizado no mediastino, e alguns nódulos pulmonares. O orçamento apenas para o procedimento cirúrgico é R$ 98 mil, valor que não contempla a assistência médica, medicações, exames complementares e eventuais complicações durante o internamento hospitalar, além de passagens aéreas, inclusive para reavaliações médicas futuras.