Pará - A Polícia Federal deflagrou nesta quarta a "Operação Anhanga Arara", que tem como objetivo combater a extração ilegal de madeiras nobres na Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, no oeste do Pará, por madeireiras clandestinas. A Polícia Federal estima que os danos ambientais podem ultrapassar os R$ 547 milhões, referente exclusivamente às atividades madeireiras, e mais de R$ 322 milhões, de produtos florestais extraídos ou destruídos durante a operação.
De acordo com a PF, 40 agentes cumprem 27 mandados, sendo dez de condução coercitiva, 11 de sequestro de bens e valores, seis de busca e apreensão e suspensão das atividades das empresas envolvidas no esquema criminoso. Além do Pará, as ações também acontecem em Santa Catarina, Curitiba e Paraná.
Segundo a PF, as investigações começaram após a divulgação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) de que a TI Cachoeira Seca estava sendo alvo de madeireiras clandestinas. Foi identificado, então, um grupo empresarial composto por familiares, sendo o patriarca o responsável pela coordenação da extração ilegal de madeira em a reas protegidas e por escoar a madeira para empresas do grupo.
Para burlar a fiscalização e dar legalidade a madeira, o grupo fraudava créditos florestais por meio de inserção de dados falsos no Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora), ale m de utilizar planos de manejo florestal falsos. A madeira era transportada entre empresas do grupo ate ser exportada por meio dos portos de Belém e do Sul do Brasil, como os de Itajaí e Paranaguá. O destino da madeira eram países no continente americano (Estados Unidos, Panamá, Argentina), Europa (Franc a, Reino Unido, Alemanha) e A sia (Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul).
A TI Cachoeira Seca foi homologada pelo governo federal em abril do ano passado e destinou a posse permanente e o usufruto exclusivo da área aos índios Arara. O território de mais 730 mil hectares está localizado ao norte de uma região conhecida como Terra do Meio e faz parte de um dos “mais importantes corredores de áreas protegidas da Amazônia”.
A demarcação de uma terra para os Arara era umas das condicionantes para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. A etnia foi considerada grupo vulnerável pelos estudos de impacto da usina, segundo parecer técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Anhanga Arara
O nome da operação, Anhanga Arara, significa proteção à morada dos índios. Anhanga e o espírito protetor da natureza, figura pertencente ao folclore indi gena, enquanto Arara são os povos indi genas que habitam a terra indígena.
Com informações da Agência Brasil